sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Dodges 6X6 no Exército Brasileiro



História e Desenvolvimento. 


Fundada em 1914 a Dodge Motors Company, iniciou a produção de utilitários leves no mesmo ano, sendo os mesmos baseados nas plataformas dos veículos comerciais de passageiros, existentes até então, se tornando um sucesso, ajudando assim na expansão da empresa nos anos seguintes. No início da década de 1930 a então Dodge Motors começou o projeto e a produção de seus primeiros protótipos de caminhões militares dedicados, em 1939 nascia o modelo de meia tonelada 4X4 denominado série VC . A produção em série em larga escala teve início em  fins de 1940, visando assim atender a demanda das forças armadas americanas empenhadas em um amplo processo de reequipamento, este processo levou a alteração na designação do veículo, que passou a ser WC , sendo a letra “ W “ para representar o ano do início da produção ( 1941 ) e "C" para classificação de meia tonelada, sendo que  o mesmo código "C", posteriormente foi mantido para a tonelada ¾ e 1 ½ tonelada 6×6. Vale ressaltar que as variantes especializadas desta família atingiram a cifra de 38 tipos, entre elas transporte de tropas, carga, ambulância, comando, estação móvel de comunicações, canhoneiro, oficina, reconhecimento, entre outros.

O desenvolvimento da família de veículos 6X6 teve por origem, a alteração conceitual da composição de um pelotão armado do Exército Americano, que passou de 8 para 12 homens, e esta nova configuração não podia ser transportada pelos WC-51 4X4, desta maneira o Major General Courtney Hodges, que na época era o chefe da infantaria, sugeriu a Dodge o desenvolvimento de uma versão alongada visando assim comportar os 12 soldados necessários.

Partindo da plataforma original da versão 4X4 e fazendo uso de muitos componentes da família WC-51 para assim obter além de uma redução de custos uma melhor otimização da linha de montagem, porém itens mais críticos  como suspensão e transmissão foram redimensionados, para assim suportar os novos esforços do veículo, sendo ainda incorporado um novo motor Dodge T-223 com 93 HP. 

A primeira versão de produção WC-62 iniciou sua produção seriada em fins de 1941, sendo seguida pela versão WC-63 que que diferia da primeira apenas por contar com um sistema de guincho elétrico Braden MU2 com capacidade de tração de até 3.409kg.A melhoria na manobrabilidade,  não só na transposição de terrenos adversos , mas também em estradas normais fez o modelo ser adotado para o reboque de peças de artilharia anti tanque de 57 mm.

Ao longo da Segunda Guerra mundial foram construídas cerca de 43.000 unidades das versões WC-62 e WC-63, sendo produzidas pela Chrysler Corp e sua divisão Fargo na planta industrial de Dodge’s Mound Road Truck, na cidade de Detroit. A exemplo dos demais veículos de transporte, esta linha foi amplamente fornecida a nações amigas durante o período do conflito para assim compor o esforço aliado frente as nações do Eixo.

Emprego no Brasil. 

A carreira dos Dodges  6X6 WC-62 e WC-63 tem início com o processo de modernização e reaparelhamento das forças militares brasileiras a partir de 1942 com a celebração dos acordos de fornecimento de material bélico presentes nos termos do Leand & Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamento), os quais previam o fornecimento de 137 unidades dos dois modelos sendo recebidos diretamente na Itália em 1944, para assim compor os efetivos da Força Expedicionária Brasileira presente neste teatro de operações.

As unidades da FEB que operaram estes veículos na campanha da Itália foram:

Companhia de Manutenção Leve;
1º Divisão de Infantaria Expedicionária;
1º Companhia de Transmissões;
Companhia do Quartel General;
Companhia de Manutenção;
1º Batalhão de Saúde;
9º Batalhão de Engenharia;
Pelotão de Transportes;
Companhia de Canhões Anticarros; 
1º   Regimento de Infantaria;
6º   Regimento de Infantaria;
11º Regimento de Infantaria;
Companhia de Intendência. 

Como pode se observar, os WC-63 desempenharam diversas missões junto ao Força Expedicionária na campanha da Itália, após o termino do conflito , todos os veículos remanescentes foram doados ao  Exército Brasileiro, sendo remetidos via modal marítimo, juntamente com as tropas e demais equipamentos, sendo recebidos no Rio de Janeiro a tempo para participarem do desfile da vitória em 18 de Julho de 1945.

Em serviço ativo nos pós-guerra os WC-63 foram incorporados as unidades de infantaria motorizada e companhias de canhões anti carro (para tracionarem os canhões de 57mm), estiveram em uso até aproximadamente fins da década de 1980, quando as últimas unidades foram desativadas.

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