No início da década de 1980, o exército saudita emitiu especificações para a aquisição de um novo MBT (Main Battle Tank) com a finalidade de substituir os já obsoletos AMX-30B, de fabricação francesa, a Engesa vislumbrou um novo nicho de mercado, naquela época a empresa era um dos principais fornecedores de veículos militares e equipamentos as nações do oriente médio, o simples fato de não possuir experiência na produção deste tipo de veículo blindado, levou a empresa brasileira a buscar parcerias com tradicionais fabricantes alemães, entre eles a Porshe e a Tyssen-Henschel, esta possível associação tinha como objetivo a transferência de tecnologia e redução de custos de desenvolvimento do projeto, no entanto diversos pontos de divergência entre as empresas e os parâmetros de projetos inviabilizaram estas possíveis parcerias.
Descartadas as possibilidades de parcerias com tradicionais fabricantes de carros de combate, a solução derivou para o desenvolvimento de um projeto próprio, agregando-lhe o que mais de moderno existia no mercado em termos de tecnologia, derivando assim o projeto em duas vertentes, com customizações destinadas a atender as demandas do mercado de exportação e outra voltada para o Exército Brasileiro, o início do projeto conceitual em Cad Can, ocorreu em 1982. A Engesa, na época, sabia bem que a indústria de tecnologia nacional demoraria muito para prover tecnologia suficiente para o projeto, buscando assim diversos fornecedores de componentes, em suma a empresa nacional era responsável pela construção do chassi blindado e pela integração dos demais componentes importados. Foi definido inicialmente a construção de dois protótipos com o primeiro sendo completado em 1984.
Os protótipos foram dotados de canhões de 105mm ou 120mm, empregando torres inglesas da Vickers Defense (de aplicação comum),o grupo mecânico era composto por um motor TBD 234, V12 refrigerado a ar e movido a diesel, construído pela germano-brasileira MWM International (que é, nada mais que uma filial da MWM GmbH, da Alemanha), era nada mais que um grupo gerador de eletricidade, adaptado para poder operar como motor de blindado, porém, gerava saudáveis 1.014 cv. O conjunto também contava com a transmissão LSG3000, de seis velocidades (quatro a frente, duas a ré), construída pela ZF Friederichschafen AG, da Alemanha, destacava-se ainda a suspensão hidropneumática da Dunlop, as lagartas da Dhil, sistema de controle de fogo britânico Marconi Centaur, equipado com dois periscópios franceses SFIM VS580 VICAS, para o atirador e para o comandante (sendo que o do atirador, era equipado com um telêmetro a laser e o do comandante era um modelo com visão panorâmica) e um sistema de visão noturna Philips UA9090, de fabricação holandesa, com visores para o atirador e o comandante.
Em 1985 as primeiras demonstrações com o protótipo armado com o canhão de 120 mm, foram feitas as autoridades sauditas, pois a Engesa tencionava mostrar a existência de um carro de combate brasileiro, adaptado a operações naquele tipo de terreno, característico de deserto, o esforço foi positivo atingindo os objetivos pretendidos, incluindo assim o modelo junto a outros três competidores internacionais, para uma licitação de compra de 800 unidades. Em julho de 1987, o protótipo equipado com o canhão de 120 mm seguiu novamente para a Arábia Saudita, para participação nesta nova fase da competição. os quatro veículos selecionados para esta fase semi final, se confrontariam em vários testes, sendo eles: o Britânico Challenger , o Americano M1 Abrams , o Francês AMX-40 e o Brasileiro EE-T1 Osório.
De início foram reprovados os dois veículos europeus na disputa, sendo o Osório, juntamente com o Abrams declarados como opções passíveis de compra. A decisão final pendeu para o MBT americano, por questões básicas que geraram diferenciais positivos quando comparado com o projeto da Engesa, como o fato de que o M1 O blindado já estava em serviço na cavalaria do Exército Americano desde 1980, já era um carro mais do que testado pelas tropas americanas na época, e também pelo fato que a variante A1 (equipada com o canhão Rheinmetall L/44, de 120mm) já era construída em série desde 1986 havia a disponibilidade de carros para o fornecimento imediato de tanques para o Exército Saudita. Além destes pontos estima-se que fatores políticos também corroboram para esta decisão.
Emprego no Brasil.
Paralelamente aos esforços da Engesa no desenvolvimento de um MTB para exportação, o Ministério do Exército Brasileiro buscava alternativas para a substituição de sua frota de carros de combate, que era ainda formada pelo obsoletos Bernandini X1 e X1A2 e pelos M-41 Walker Buldog M-41 que ainda que modernizados, remontavam a tecnologia, poder de fogo e desempenho da década de 1960. Apesar dos requisitos deste novo carro de combate não antederem a especificação do Exército Brasileiro, que buscava neste momento um veículo de médio porte e não um carro de combate pesado, o corpo de engenheiros da empresa paulista decidiu apesentar uma versão especifica para oferecer ao EB.
O MBT (Carro Principal de Combate) nacional recebeu o nome do patrono da arma da cavalaria do Exército Brasileiro, o Marquês do Herval, General Manuel Luís Osório e teve sua variante designada como EET-1 P1. Este veículo estava equipado com um canhão britânico de alma raiada Royal Ordenance L7, de 105mm, sistema de controle de fogo Marconi Centaur, sendo equipado com periscópios OiP LRS-5DN (comandante) e LRS-5DNLC (atirador), ambos com sistema de visão noturna. O grupo motriz se manteve o mesmo da versão de exportação tendo e vista que o conjunto poderia ser nacionalizado pelo fato que ambas as empresas fabricantes contavam com instalações no pais. A torre contava com sensores para prover parâmetros de disparo para o sistema de controle de fogo e uma metralhadora de ação por corrente Hughes EX-34, em calibre 7.62x51mm NATO, de construção americana, posicionada como metralhadora coaxial, metralhadoras pesadas belgo-americanas FN/Browning M2HB, em calibre 12.7x99mm NATO (.50BMG) em posição antiaérea, podendo ser substituída por uma metralhadora média belga FN MAG, em calibre 7.62x51mm.
Os testes com o protótipo destinado ao modelo nacional, tiveram início em dezembro de 1986, se estendo até fins de abril de 1987, neste período foram percorridos 3.296 km, sendo 750 km em condições adversas no campo de testes de Marambaia no Rio de Janeiro, com a finalidade de avaliação da mobilidade do veículo, foram ainda disparados 50 tiros com o canhão de 105 mm. Estes testes geraram dois relatórios técnicos (Retex e Retop ) , que foram extremamente favoráveis ao desempenho do blindado. No entanto o O Exército Brasileiro na realidade não procurava por um MBT por dois motivos: O primeiro é que a atribuição das Forças Brasileiras eram essencialmente defensivas, visando a proteção do território nacional. O Brasil já praticava a não intervenção e a neutralidade. A esse tipo de atribuição, de acordo com os generais de então, não cabia para um MBT, arma essencialmente ofensiva. O outro motivo era simplesmente o alto custo dessas máquinas. Isso aplica-se ao custo por unidade, e também aos custos de manutenção. Um veículo como o Osório, seria obviamente caro para os padrões do Exército.
A falta de disposição do governo brasileiro no apoio do projeto tanto em esforço político quanto financeiro financeira diante da situação precária da Engesa, aliada a ausência de recursos para o próprio Exército Brasileiro em adquirir o EE T1 Osório, foi interpretada pelo mercado como sendo, na verdade, uma falta de interesse do mesmo no produto afastando assim potenciais compradores, enquanto isso a situação financeira da empresa se agravava muito em função dos investimentos demandados no MBT aliados a inadimplência na ordem de US$ 200 milhões de dólares junto ao governo iraquiano, levando então a falência da empresa em 1993. O primeiro Osório de pré-série foi vendido como sucata, seus componentes importados como o canhão, optrônicos, motor e transmissão foram devolvidos aos fabricantes para aliviar as dívidas. Como o governo era um dos principais credores da massa falida da empresa, ficou decidido que os ativos, peças de reposição e veículos deveriam ser incorporados ao Exército Brasileiro por autorização judicial, entres estes estavam os dois protótipos originais do MBT.
Os protótipos construídos e sobreviventes (com o canhão de 105mm e canhão de 120mm) ficaram sob custódia do Exército, mais precisamente no 13º RCMec (13º Regimento de Cavalaria Mecanizado) na cidade de Pirassununga, mas sem pertencerem a este, portanto foram apenas armazenados. Esses veículos seriam leiloados em 20 de novembro de 2002 como parte de pagamento da massa falida a credores privados, contudo, o ministério público de São Paulo impetrou ação, impedindo a venda destes veículos. Finalmente em 22 de março de 2003, ocorreu uma cerimônia de entronização no quartel do 13º RCMec, onde as duas unidades foram incorporadas aos efetivos daquela unidade. No final de 2013 um dos veículos foi preservado no museu militar de Conde de Linhares, e outro foi transferido para o Centro de Instrução de Blindados no Rio de Janeiro.
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