O Citroën C4 Cactus dividiu opiniões quando foi lançado em 2014, mas conseguiu formar o seu clube de fãs, ao ponto de agora ver o seu facelift substituir não só o antigo, mas também fazer o papel do C4 "normal", descontinuado em favor do Cactus. No Brasil, ele será um pouco diferente e não irá substituirá ninguém, no entanto, sua missão também não será fácil: liderar uma nova ofensiva da Citroën no terreno dos utilitários esportivos compactos. Esse novo crossover nacional será produzido na fábrica da PSA em Porto Real, Rio de Janeiro, e chegará às lojas no segundo semestre de 2018. Será que ele vai ter vez no mercado brasileiro?
Design
Um alinhamento estético com os mais recentes modelos da montadora francesa deu ao C4 Cactus o desenho da frente que puxa o "double chevron" do centro até os extremos, onde estão os esguios faróis DRL dianteiros de LED. Muito polêmicos e de utilidade duvidosa, os Airbumps desapareceram do meio das portas e da tampa do porta-malas, sendo reduzidos à sua mínima expressão, colocados na base das portas. As barras do teto passam também a ser opcionais, diluindo um pouco o aspecto de crossover, que continua a ser defendido pelas proteções de plástico negro em volta das quatro rodas, criando a ilusão de que a altura do solo é maior que a realidade.
Na zona traseira, as lâmpadas foram redesenhadas, mais largas e com LED de efeito 3D. A personalização subiu a 31 combinações possíveis de cores exteriores, entre as nove cores-base e quatro conjuntos de detalhes em cor diferente. No interior há cinco ambientes possíveis, cada um com suas cores de bancos e outros detalhes: Standard, Metropolitan Red, Wild Grey, Hype Grey e Hype Red.
Espaço e conforto
A plataforma é a mesma PF1 do Cactus anterior, sem alterações significativas de tamanho e com a mesma distância entre-eixos de 2,60 metros. Mas os painéis exteriores são 90% diferentes, diz a Citroën. Estamos então perante aquilo que se pode chamar de "super-restyling", que passou também pela inclusão de 12 assistentes de condução e três níveis de conetividade, entre os quais o botão SOS, espelhamento para celular e navegação Tom Tom conectada. No caso das ajudas eletrônicas ao condutor, o C4 Cactus passa a ter frenagem autônoma de emergência até 85 km/h, leitura de placas de sinalização, alerta de saída involuntaria de faixa acima dos 60 km/h, alerta de fadiga do condutor acima dos 70 km/h, detector de pontos cegos, câmera de ré, assistentes de estacionamento e partida em rampa, luzes de curva estáticas, Keyless e o famoso controle de tração da PSA, o Grip Control.
Os motores disponíveis são dois: 1.2 Puretech a gasolina de três cilindros em variantes de 82, 110 e 130 cv, e a diesel um 1.6 BlueHDI em versões de 100 e 120 cv, estando disponível uma caixa automática de seis marchas como opção no Puretech 110 e no BlueHDI 120. Contudo, o modelo continua a não oferecer tração nas quatro rodas nem como opção — a tração é sempre dianteira.
O interior mantém a arquitetura e os mesmos detalhes de design e funcionalidade, incluindo um painel de instrumentos totalmente digital, mas sem conta-giros, e uma tela central tátil de 7 polegadas que reúne quase todos os comandos necessários. O topo do painel parece ter materiais com um pouco mais de qualidade, mas a perceção geral não mudou muito. Há algum espaço extra para os cotovelos no interior das portas, mas esta plataforma é relativamente estreita, por isso quatro pessoas continuam a viajar melhor do que cinco. O porta-malas tem os mesmos 358 litros de capacidade e o banco traseiro rebate em proporção 40/60, permitindo chegar aos 1.170 litros.
A posição de condução não é muito alta e o volante tem ajustes de altura e profundidade. Os bancos mantêm o aspeto de poltronas do modelo anterior, mas escondem uma novidade importante: zonas de espuma de densidade variável, que podem ir de 2 a 15 mm de espessura, para resistir ao envelhecimento e dar mais conforto durante mais horas de condução.
Ao volante
A primeira impressão é muito boa, mas vou precisar de mais tempo ao volante para tirar uma conclusão definitiva. O que rapidamente se percebe é a melhoria no isolamento acústico, resultado da aplicação de mais materiais antirruído no piso e no corta-fogo do motor, bem como do novo para-brisas acústico, vidros laterais mais espessos e melhores borrachas vedantes, incluindo as problemáticas janelas das portas traseiras, que na Europa são basculantes — algo que será descartado no Brasil, com janelas elétricas.
A primeira impressão é muito boa, mas vou precisar de mais tempo ao volante para tirar uma conclusão definitiva. O que rapidamente se percebe é a melhoria no isolamento acústico, resultado da aplicação de mais materiais antirruído no piso e no corta-fogo do motor, bem como do novo para-brisas acústico, vidros laterais mais espessos e melhores borrachas vedantes, incluindo as problemáticas janelas das portas traseiras, que na Europa são basculantes — algo que será descartado no Brasil, com janelas elétricas.
O C4 Cactus avaliado na França, num dia frio e com chuva, estava equipado com motor 1.2 Puretech na versão de 130 cv, acoplado à caixa manual de seis marchas. O resultado é uma excelente resposta em todos os regimes, com relações de marchas corretas — apesar de a caixa não ser rápida — e do baixo peso desta plataforma, que a Citroën anuncia como sendo 150 kg mais leve que as da concorrência. A verdade é que o motor puxa bem, mesmo em sexta marcha e a baixos regimes, só se mostrando ruidoso perto do corte de giros.
Claro que a grande novidade deste C4 Cactus está nos amortecedores com batentes hidráulicos, tecnologia que a Citroën vem testando há algum tempo e que vai passar a ser um cartão de visita de seus futuros modelos, trazendo de volta o conceito de "conforto Citroën" que fez a fama da marca no passado.
O objetivo é aumentar o conforto de rodagem, e não foi preciso rodar muitos quilômetros ao volante para perceber de imediato que… funciona! Nos pequenos movimentos verticais da roda, os batentes não chegam a funcionar, mas sua presença deu margem aos engenheiros para que a parte convencional dos amortecedores fosse calibrada de forma mais confortável. Quando se passa sobre uma lombada ou por pisos ruins, é clara a ausência de "batente" no fim do curso, seja em compressão, seja em extensão, mesmo com os pneus 205/50 R17 opcionais. Os dois batentes hidráulicos são como dois miniamortecedores, um em cada extremidade do amortecedor principal, dissipando a energia do impacto sem fazer o inevitável retorno dos batentes fixos.
É claro que se nota um pouco mais de oscilação longitudinal na comparação com o Cactus anterior, sobretudo quando se faz uma frenagem violenta ou um arranque mais forte. Esse carro oferecia uma dinâmica bem mais rígida do que se poderia esperar de um SUV. Neste primeiro e breve contacto, não houve oportunidade de trafegar por estradas com muitas curvas, que pudessem mostrar em detalhe como ficou o equilíbrio dinâmico. Mas as muitas rotatórias feitas com vigor indicam que a agilidade não será penalizada.
O novo C4 Cactus chega aos mercados europeus em abril, com mais equipamentos de série que o anterior, incluindo novos porta-objetos e uma bandeja para smartphones no console do painel. Mas, apesar do recheio, maior, a Citroën diz que o preço do novo é menor. Um 1.2 Puretech 130 Shine como o acelerado custará o equivalente a R$ 89 mil, mas por R$ 76 mil já é possível comprar a versão de 110 cv do mesmo motor, com pacote mais enxuto de itens, chamado Live. O Diesel 1.6 PureHDI de 100 cv tem preço inicial acima dos R$ 89 mil, mas este não virá ao Brasil. Por aqui, o crossover deve oferecer os motores 1.6 aspirado (até 118 cv) e 1.6 turbo flex de 173 cv, ambos com câmbio automático de seis marchas.
Em resumo, a Citroën revisou o C4 Cactus, acrescentou equipamentos e alinhou o estilo com o do C3. O novo modelo tem a dupla missão de substituir também o C4 "normal", que sai de linha na Europa, deixando assim a fabricante francesa fora do segmento dos hatches médios. Contudo, à medida que as vendas dos SUVs e crossovers não param de crescer, essa não parece ser uma estratégia ruim.
Ficha técnica - Citroën C4 Cactus
Motor: Dianteiro, transversal de três cilindros em linha, 12 válvulas, gasolina
Potência: 130 cv a 5.500 rpm
Torque: 23,5 kgfm a 1.5: 00 rpm
Câmbio: Manual de seis marchas, tração dianteira
Direção: Elétrica
Suspensão: Independente McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Freios: Discos ventilados (diant.) e tambores (tras.)
Pneus: 205/50 R17
Dimensões: Compr.: 4,17 metros /Largura: 1,71 m/ Altura: 1,48 m/ Entre-eixos: 2,60 m
Tanque: 50 litros
Porta-malas: 358 litros
Peso: Não declarado
Potência: 130 cv a 5.500 rpm
Torque: 23,5 kgfm a 1.5: 00 rpm
Câmbio: Manual de seis marchas, tração dianteira
Direção: Elétrica
Suspensão: Independente McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Freios: Discos ventilados (diant.) e tambores (tras.)
Pneus: 205/50 R17
Dimensões: Compr.: 4,17 metros /Largura: 1,71 m/ Altura: 1,48 m/ Entre-eixos: 2,60 m
Tanque: 50 litros
Porta-malas: 358 litros
Peso: Não declarado
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