Os anos 30 foram marcados por diversos acontecimentos importantes no Brasil, começando pela Revolução de 1930, e seguido do maior conflito interno a Guerra Civil de 1932, mais conhecida como Revolução Constitucionalista.
Após a vitória do governo sobre os constitucionalistas, a Força Pública de São Paulo foi mantida e em paralelo a ela foi criada a Polícia Especial, para a manutenção da ordem, quando a Polícia Civil e a Força Pública tornarem-se insuficientes para manter a ordem, esta entrava em ação.
As suas unidades foram equipadas com pistolas Mauser e metralhadoras Schmeisser alemãs, veículos blindados Wilton-Fijenoord holandeses e motocicletas FN Belgas blindadas.
Esta Polícia possuía uma Divisão de Carros Blindados que dispunha de uma seção de Carros de Assalto composto por dois caminhões blindados Wilton-Fijenoord para transporte de tropas, construídos pela Dutch Shipbuilding Company Wilton-Fijenoord, sobre chassi de caminhão Ford (foto 1), com capacidade para transportar 22 homens, sendo l4 sentados e os demais em pé, além do seu motorista e ajudante. Estes veículos possuíam blindagem de chapas de aço de 4mm de espessura, com diversas janelas ao seu redor, com várias escotilhas, de onde sua guarnição estava protegida de projéteis de armas de pequeno calibre, podendo sua guarnição responder do interior do veículo e até mesmo desembarcar tropas para imediata ação contra manifestantes. (foto 2). Os veículos foram desenvolvidos para conter distúrbios urbanos, similar aos usados pelas Polícias Militares hoje em dia no país. Era impulsionado por um motor Ford de 8 cilindros a gasolina e seu pneus eram à prova de balas.
Os outros dois veículos eram do modelo Wilton-Fijenoord Police Car, do qual apenas três foram construídos em 1933. Inicialmente estes veículos foram feitos para atender às necessidades do exército, nas colônias holandeses. (foto 3)
Foi escolhido o chassi alemão do caminhão Krupp Protze L2H43 6 x 6 (foto 4), com modificações feitas pelo fabricante holandês. Sobre ele foi construído uma estrutura blindada de concepção bastante arrojada para a época, com chapas de aço de espessura de 3 a 10mm, com excelentes ângulos balísticos, com torre giratória de 360º e armado com três metralhadoras, sendo uma na torre, uma na parte traseira e outra na parte dianteira do veículo, com diversas escotilhas para observação. Possuía ainda um ventilador elétrico para extração de gases quando do disparo das armas. Para evitar que os manifestantes pudessem virar este blindado, ele dava descargas elétricas em quem os tocasse.
Dois dos três veículos produzidos foram enviados às Indias Orientais Holandesas em 1934, e após exaustivos testes, eles apresentaram deficiências, pois eram muito pesados para as estradas ali existentes além de aquecer muito seu motor, forçando o uso de gasolina de avião em lugar da gasolina comum. Foram então devolvidos à firma que os construiu.
Em fevereiro de 1935 estes dois veículos foram vendidos ao governo brasileiro e em 1936 foram incorporados à Polícia Especial de São Paulo, com modificações importantes, no local das três metralhadoras foi instalado um dispositivo que disparava gás lacrimogêneo ou chamas sobre os manifestantes. Os blindados eram dotados de pneus à prova de balas. (foto 5)
O terceiro veículo ficou com a fábrica holandesa até 1938, quando foi vendido ao exército holandês e incorporado ao Corpo Móvel de Artilharia em 1º de junho. Durante a segunda guerra mundial, em maio de 1940, após os alemães derrotarem o exército holandês, este veículo foi capturado.
Ocorre que em 1944 quando as tropas alemãs começaram a se retirar da Holanda, este veículo que já havia sido incorporado ao exército alemão foi juntamente com outros levados para a Alemanha. Em 1945 foi empregado na defesa de Berlim, tendo sido destruído pelo exército russo no pátio interno da Chancelaria do Reich, onde fora empregado juntamente com outros veículos na sua desesperada defesa. (foto 6)
A Polícia Especial foi dissolvida em 1945 com a queda do governo de Getúlio Vargas e o fim do Estado Novo. Seus blindados foram para a Força Pública de São Paulo que os utilizou por mais alguns anos, substituindo-os por outros mais novos e adequados à situação da cidade de São Paulo, e muito provavelmente foram acabar seus dias em um ferro velho, como sucata.
O desenho do Wilton-Fijenoord Police Car era tão revolucionário, que inspirou a Fábrica Krupp a desenvolver um blindado similar em 1938, denominado Krupp Polizei-Streifenwagen, utilizado pelas Forças Armadas Alemãs durante a Segunda guerra mundial. (foto 7)
Após a vitória do governo sobre os constitucionalistas, a Força Pública de São Paulo foi mantida e em paralelo a ela foi criada a Polícia Especial, para a manutenção da ordem, quando a Polícia Civil e a Força Pública tornarem-se insuficientes para manter a ordem, esta entrava em ação.
As suas unidades foram equipadas com pistolas Mauser e metralhadoras Schmeisser alemãs, veículos blindados Wilton-Fijenoord holandeses e motocicletas FN Belgas blindadas.
Esta Polícia possuía uma Divisão de Carros Blindados que dispunha de uma seção de Carros de Assalto composto por dois caminhões blindados Wilton-Fijenoord para transporte de tropas, construídos pela Dutch Shipbuilding Company Wilton-Fijenoord, sobre chassi de caminhão Ford (foto 1), com capacidade para transportar 22 homens, sendo l4 sentados e os demais em pé, além do seu motorista e ajudante. Estes veículos possuíam blindagem de chapas de aço de 4mm de espessura, com diversas janelas ao seu redor, com várias escotilhas, de onde sua guarnição estava protegida de projéteis de armas de pequeno calibre, podendo sua guarnição responder do interior do veículo e até mesmo desembarcar tropas para imediata ação contra manifestantes. (foto 2). Os veículos foram desenvolvidos para conter distúrbios urbanos, similar aos usados pelas Polícias Militares hoje em dia no país. Era impulsionado por um motor Ford de 8 cilindros a gasolina e seu pneus eram à prova de balas.
Os outros dois veículos eram do modelo Wilton-Fijenoord Police Car, do qual apenas três foram construídos em 1933. Inicialmente estes veículos foram feitos para atender às necessidades do exército, nas colônias holandeses. (foto 3)
Foi escolhido o chassi alemão do caminhão Krupp Protze L2H43 6 x 6 (foto 4), com modificações feitas pelo fabricante holandês. Sobre ele foi construído uma estrutura blindada de concepção bastante arrojada para a época, com chapas de aço de espessura de 3 a 10mm, com excelentes ângulos balísticos, com torre giratória de 360º e armado com três metralhadoras, sendo uma na torre, uma na parte traseira e outra na parte dianteira do veículo, com diversas escotilhas para observação. Possuía ainda um ventilador elétrico para extração de gases quando do disparo das armas. Para evitar que os manifestantes pudessem virar este blindado, ele dava descargas elétricas em quem os tocasse.
Dois dos três veículos produzidos foram enviados às Indias Orientais Holandesas em 1934, e após exaustivos testes, eles apresentaram deficiências, pois eram muito pesados para as estradas ali existentes além de aquecer muito seu motor, forçando o uso de gasolina de avião em lugar da gasolina comum. Foram então devolvidos à firma que os construiu.
Em fevereiro de 1935 estes dois veículos foram vendidos ao governo brasileiro e em 1936 foram incorporados à Polícia Especial de São Paulo, com modificações importantes, no local das três metralhadoras foi instalado um dispositivo que disparava gás lacrimogêneo ou chamas sobre os manifestantes. Os blindados eram dotados de pneus à prova de balas. (foto 5)
O terceiro veículo ficou com a fábrica holandesa até 1938, quando foi vendido ao exército holandês e incorporado ao Corpo Móvel de Artilharia em 1º de junho. Durante a segunda guerra mundial, em maio de 1940, após os alemães derrotarem o exército holandês, este veículo foi capturado.
Ocorre que em 1944 quando as tropas alemãs começaram a se retirar da Holanda, este veículo que já havia sido incorporado ao exército alemão foi juntamente com outros levados para a Alemanha. Em 1945 foi empregado na defesa de Berlim, tendo sido destruído pelo exército russo no pátio interno da Chancelaria do Reich, onde fora empregado juntamente com outros veículos na sua desesperada defesa. (foto 6)
A Polícia Especial foi dissolvida em 1945 com a queda do governo de Getúlio Vargas e o fim do Estado Novo. Seus blindados foram para a Força Pública de São Paulo que os utilizou por mais alguns anos, substituindo-os por outros mais novos e adequados à situação da cidade de São Paulo, e muito provavelmente foram acabar seus dias em um ferro velho, como sucata.
O desenho do Wilton-Fijenoord Police Car era tão revolucionário, que inspirou a Fábrica Krupp a desenvolver um blindado similar em 1938, denominado Krupp Polizei-Streifenwagen, utilizado pelas Forças Armadas Alemãs durante a Segunda guerra mundial. (foto 7)
Dados Técnicos do Wilton-Fijenoord Police Car:
Comprimento: 5,06m
Largura: 2,20m
Altura: 2,30m
Peso: 4.500 Kg
Motor: 4 cilindros, 60 HP, gasolina, refrigerado a ar
Velocidade máxima: 70Km/h
Autonomia: 250km
Capacidade de combustível no reservatório: 65 litros
Tripulação: 3 a 4 homens.
Comprimento: 5,06m
Largura: 2,20m
Altura: 2,30m
Peso: 4.500 Kg
Motor: 4 cilindros, 60 HP, gasolina, refrigerado a ar
Velocidade máxima: 70Km/h
Autonomia: 250km
Capacidade de combustível no reservatório: 65 litros
Tripulação: 3 a 4 homens.
FOTO 1: Dois caminhões blindados Wilton-Fijenoord no desfile de apresentação em São Paulo, abril de 1936.
Crédito da Foto: Coleção do autor.
FOTO 2: Soldados embarcando. Notar a blindagem da porta.
Crédito da Foto: Coleção do autor.
FOTO 3: Um blindado Wilton-Fijenoord Police Car com todos os integrantes da Polícia Especial de São Paulo em 1939.
Crédito da foto: Arquivo Ary Canavó.
FOTO 4: Chassi do caminhão Krupp-Protze L2H43.
Crédito da foto: Catálago da Krupp 1938 - Coleção do Autor.
FOTO 5: Dois blindados Wilton-Fijenoord Police Car desfilando em São Paulo em abril de 1936.
Crédito da foto: Coleção do autor.
FOTO 6: Blindado Wilton-Fijenoord Police Car destruído pelos russos no pátio interno da Chancelaria do Reich, em Berlim, abril de 1945.
Crédito da foto: Bundesarchiv - Editions Heimdal.
FOTO 7: Blindado Krupp Polizei-Streifenwagen, muito similar ao Wilton-Fijenoord Police Car.
Crédito da foto: Catálago Krupp 1938 - Coleção do autor.
Bibliografia:
- Catálogo alemão Krupp Geländewagen Typ: L2H43, Fried.Krupp A.G., Abt. Kraftwagenfabrik, Essen, 1937;
- Catálago alemão Krupp Geländewagen, Fried.Krupp A.G., Abt. Kraftwagenfabrik, Essen, 1938;
- Frank, Reinhard. Krupp-kraftwagen im Krieg – Die legendäre Krupp-Protze un andere, Podzun-Pallas-Verlag GmbH, Dorheim, 1987;
- Souza, Fernando Costa de. Armoured Vehicles and Weapons of Brasil – 1918 – today`s. Edição do autor, São Gonçalo, RJ,
- Revista Bandeirante, Ano I nº 4, São Paulo, SP, abril de 1936;
- Bernage, George. Album Historique Leibstandart SS, Editions Heimdal, France, 1996.
- Heesakkers, Hans. Armoured Cars of The Royal Dutch Indies Army (KNIL), Part III, pag. 4 – Armoured Car #25, September-October, 1994.
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