quarta-feira, 6 de junho de 2018

Merkava MBT




No mês de outubro de 1966 os israelenses receberam de forma discreta 2 carros de combate Chieftein para testes no deserto, visando uma modernização das forças blindadas do país judeu. Porém, mesmo depois dos testes realizados, a eclosão da Guerra do Seis Dias provocou por parte dos ingleses um embargo total na venda de armas a Israel. Outros países europeus já vinham mantendo embargo semelhante e Israel acabou com os EUA como único fornecedor. Sem escolha, os israelenses receberam nos anos seguintes quantidades significativas de blindados M-48 e M-60.


Sabendo das pressões que o mundo árabe exercia sobre os americanos para que este canal de fornecimento fosse estancado e temendo perder sua única fonte, os israelenses decidiram buscar a independência em relação ao resto do mundo neste quesito, mesmo sabendo que o caminho era longo e dispendioso, porém não havia outra forma de controlar seus destinos no que tange ao fornecimento e operação de carros de combate.




Desde sua independência, Israel mantinha oficinas em constante atividade mantendo e modificando carros de combate importados, fazendo veículos M-4 Sherman, Centurion, T-54, T-55 e M-48 se manterem em atividade muito além do que podia se esperar deles. Esta experiência duramente adquirida por necessidade de sobrevivência, criou as condições técnicas para a satisfação de uma necessidade estratégica.

Em 1967 iniciaram-se estudos pre-eliminares das características do novo carro, mas somente em 1970 veio a luz verde governamental para seu desenvolvimento. Liderados pelo General Israel Tal, um tanquista veterano de muitas campanhas, uma equipe de engenheiros esboçou as linhas mestras do que viria a ser o MBT judeu. O primeiro quesito considerado foi a segurança da tripulação, pois este país não podia se dar ao luxo de perder recursos humanos em combate, já que mantinha e mantem até hoje um efetivo de soldados-cidadãos, ou seja, devido a sua população pequena, seus combatentes eram os mesmos que em tempos de paz mantinham as atividades civis. Estatísticas apontavam a dificuldade de se abandonar o interior do tanque atingido sob fogo inimigo. O poder de fogo veio em segundo lugar, ficando a mobilidade como a terceira e menos importante característica deste novo tanque. O custo de desenvolvimento foi de US$ 65 milhões, sendo que os EUA contribuíram com US$ 100 milhões no desenvolvimento e produção. Em 1979 as primeiras unidades foram entregues a 7ª Brigada.




Desenhou-se uma silhueta muito baixa, com a torre reduzida a dimensões mínimas. O motor colocado a frente a direita, oferecia proteção extra, ficando a tripulação e a torre acomodados na parte traseira do carro. O motorista a direita fica isolado da tripulação por uma parede blindada, embora possa acessar seu posto pelo compartimento de combate. Por fim optou-se por componentes já testados no deserto sempre que possível. O motor escolhido foi Teledyne Continental AVDS-1790-5AV12 de 900 hp a 2.400 rpm, acoplado a uma transmissão Allison CD-850-6BX, já usado nos M-60 e M-48, além do Centurion ali repotenciados. Como não poderia deixar de ser a blindagem espessa elevou o peso do carro, limitando sua velocidade da 46 km/h (72 km/h no Leopard II alemão). Rodas, suspensão e lagartas eram as mesmas do Centurion inglês, já usado por Israel. Pesando 63 toneladas tem uma relação peso/potência de 14 hp/ton. A substituição do conjunto de força pode ser feita em campo em cerca de 60 minutos. O carro é apoiado sobre seis rodas que rodam dentro da lagarta, sendo a polia tratora a frente e a tensora atrás, com quatro roletes de retorno, sendo cada roda suspensa por uma mola helicoidal e dois braços de suspensão, com pressão sobre o solo de 0,9 kg/cm2.

Construiu-se então um carro de combate extremamente resistente, embora lento, que enfrentou com eficiência os novíssimos T-72 soviéticos em combates no Líbano em 1982. Além da tradicional escotilha superior, o Merkava conta com uma escotilha no compartimento de combate pela traseira, o que permite a tripulação abandonar o carro em segurança quando sob fogo, podendo ainda, com igual segurança recolher feridos e tripulantes de outros tanques. Devido a configuração de VCTP (tal qual o TAM argentino) com motor a frente, o chassi do Merkava pode ser utilizado para outros usos como transportador de tropas, veículo de comando, e outros. Mede 8,68 m de comprimento; 3,7 m de largura e 2,75 m de altura; com distância do solo de 0,47 m. Carrega 1250 litros de combustível para uma autonomia de 400 km. Pode superar rampas de 70% e operar com inclinação lateral de 38%.




O blindagem é fundida e soldada, com placas espaçadas, sendo este espaço preenchido com óleo combustível, que ameniza o efeito do impacto de projéteis explosivos. O canhão é uma versão israelense do Vickers L7 inglês, denominada M64, de 105 mm com luva térmica, capaz de disparar projéteis HEAT, HESH, APFSDS e de fósforo, sendo todo o conjunto estabilizado por um sistema Cadilac Gage dos EUA. Elevação de 20º e depressão de 8,5º e alcance de 6 km. Transporta ainda um morteiro Soltam de 60 mm. Possui Telêmetro laser  que pode ser usado pelo atirador e pelo comandante e computador balístico alimentado manualmente. Sensores medem a velocidade do vento, o ângulo do canhão, a temperatura da carga e a densidade do ar. Possui ainda faróis infravermelhos e armazena 86 projéteis, que ficam em compartimentos isolados da tripulação. um sistema informatizado de logística controla o consumo de munição. O veículo possui ainda ar condicionado, sistema de combate a incêndio e sistema de distribuição de água a tripulação, todos de uma importância significativa nas condições escaldantes do deserto.




O Modelo Mk.2 incorporou os ensinamentos colhidos na guerra do Líbano, e entrou em serviço em abril de 1983. Foi dada ênfase a guerra urbana e conflitos de baixa intensidade, mas o carro permaneceu basicamente o mesmo. Um novo morteiro, agora interno com disparo remoto evitou a exposição dos tripulantes a armas de fogo leves. A parte traseira da torre recebeu maior proteção anti-rojão (anti-RPG), A transmissão passou a ser totalmente automática e a capacidade de armazenamento de combustível foi aumentada. Houveram aperfeiçoamentos no sistema de controle de fogo como sensores meteorológicos de mensuração de vento lateral alimentando o computador balístico. Foram introduzidos novos instrumentos de observação com sistemas de amplificação de imagens e instrumentos termográficos. O MK.2B teve seu sistema de observação termal e controle de fogo aperfeiçoado. O Mk.2C recebeu melhorias na blindagem da torre. O Mk.2D teve a incorporação de blindagem modular com especificações não divulgadas. Foi produzido até 1989 com cerca de 580 unidades.

O Modelo Mk.3 teve o canhão substituído por um modelo de 120 mm fabricada pela IMI capaza de disparar a Lahat ATGM, com culatra rotativa de 10 cargas. Incorporou ainda um novo motor MTU turbodiesel de 1200 hp e nova transmissão, aumentando a velocidade para 60 km/h. Pequenas melhorias foram adicionadas com o tempo. Foi produzido de 1989 a 2002 e cerca de 780 unidades foram construídas. O Mk.3 Baz são melhorias adicionadas a séries mais antigas como nova blindagem composta, sistema de controle de fogo que permite engajar vários alvos em movimento, proteção NBC e melhor ar-condicionado de construção local. O Mk.3 Dor Dalet incorporou novas lagartas e armamento secundário controlado remotamente.



O Modelo Mk.4 incorporou as melhorias das modificações Baz e Dor Dalet. O canhão MG253 foi atualizado para disparar todos os últimos tipos de munição, inclusive APDSFS. A blindagem foi melhorada no topo da torre e na parte inferior, com perfil em V para proteção antiminas. Sistema de redução de assinatura térmica desenvolvidos para o IAI Lavi foram incorporados. Entrou em serviços em 2004. Possui um motor General Dynamics GD 833 V12 de 1500 hp, derivado do MTU alemão, produzido sob licença e velocidade de 64 km/h. O sistema de controle de fogo possui um sistema de TV de 2ª geração com rastreador térmico, visor noturno e telêmetro laser com capacidade de engajamento de aeronaves. Possui um sistema operacional integrado com enlace de dados e guerra centrada em redes. Possui ainda um sofisticados sistema de cãmeras e telas para visualização de exteriores.








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