Uma das cinco empresas do Grupo InbraFiltro, constituído em 1979 e dedicado à fabricação de componentes aeronáuticos e produtos blindados em geral (vidros, têxteis, coletes, capacetes), bem como à blindagem de veículos civis e militares. Dispondo de duas unidades industriais em Mauá (SP), é o único fornecedor brasileiro de materiais transparentes para aeronaves, único fabricante nacional a desenvolver vidros balísticos e a maior empresa blindadora de veículos do país, sendo mesmo contratada por diversas montadoras, que vendem os automóveis transformados como originais. Em 1994 a InbraFiltro participou do desenvolvimento do protótipo do primeiro carro para transporte de valores construído sob as novas normas de segurança do Ministério da Justiça, fornecendo o composto de aço e aramida para a sua carroceria (vidros ainda eram importados dos EUA). Montado pela IPCM, o veículo pesava 580 kg a menos do que os convencionais.
Em 2002 a empresa concluiu seu primeiro veículo completo, um VBL – Veículo Blindado Leve, segundo a terminologia militar. Se tratava de um 4×4, classe de 3,5 t, para operações militares ou policiais, construído segundo projeto de fim de curso de quatro alunos da FEI. O carro tinha carroceria monobloco totalmente blindada, e utilizava todos os órgãos mecânicos do Land RoverDefender 130: motor turbodiesel Maxion de 115 cv, caixa de cinco marchas, eixos rígidos, suspensão por molas helicoidais, freios a disco nas quatro rodas e direção hidráulica. Foi planejado para receber grande variedade de armamentos, desde metralhadoras até morteiros de 81 mm, tinha proteção adequada para guerra química, biológica ou radiológica. Segundo os projetistas, tinha excelente comportamento fora-de-estrada, com vão livre de 50 cm e capacidade de vencer vaus de 1,0 m, rampas de 65% e inclinações laterais de até 30%. O veículo foi exposto no 1º Encontro Nacional de Logística Militar (ainda como mock-up), no XXII Salão do Automóvel e na feira latino-americana de defesa LAD 2003, provocando grande interesse. Na ocasião, a InbraFiltro anunciou a intenção de desenvolver uma família de veículos, projetando um 4×4 com chassi curto, baseado no Defender 100, e um 6×6.
Com o encerramento da produção do Land Rover no Brasil, porém, a empresa foi obrigada a reconsiderar seus planos, inicialmente substituindo os órgãos mecânicos por outros ainda em fabricação, buscando idealmente customizar o veículo, preparando-o para receber elementos de origem diversa. Em 2009, na LAAD (nova denominação da feira de defesa), a InbraFiltro apresentou um protótipo de VBL totalmente novo, com mecânica diferente e algumas características mais atuais do que do modelo antigo, elevando-o a uma categoria mais próxima dos carros de combate. Com peso bruto de 6,5 t e capacidade para até oito tripulantes, era mais de 30 cm mais largo do que o anterior, apesar de ter quase 12 cm a menos no comprimento e 5 cm na altura. Tais proporções, aliadas às rodas de maior diâmetro e à suspensão com 20 cm de curso, davam ao carro excelente comportamento dinâmico. Tinha a seguinte composição mecânica: motor MWM de 4,8 l e 185 cv, transmissão automática, caixa de transferência com duas reduções, suspensão por braços longitudinais e transversais e molas helicoidais e freios a disco nas quatro rodas com acionamento pneumático. Ao contrário do VBL projetado pela FEI, este era montado sobre um chassi convencional, por isso podendo receber um escudo inferior de proteção contra minas terrestres. Como item adicional de segurança, tinha para-lamas dianteiros e para-barros traseiros de fibra de vidro, projetados para se romperem em caso de explosão de minas, evitando o tombamento da viatura.
O veículo foi reapresentado na LAAD 2011 com o nome Gladiador e características algo diversas: buscando otimizar custos, manteve o estilo do modelo anterior, porém resgatou o porte e o padrão mecânico da versão de 2002-03. Assim, simplificado, o projeto teve as dimensões reduzidas (PBT de 3,5 t) e passou a utilizar mecânica Agrale (chassi e órgãos mecânicos do jipe AgraleMarruá, com motor diesel de 2,5 l e 115 cv, câmbio manual de cinco marchas e reduzida), com tração 4×4 permanente, freios a disco nas quatro rodas e ar condicionado. O projeto conceitual da carroceria (monobloco em chapa de aço balístico) e os nível de proteção e blindagem foram preservados.
Nova versão foi preparada em 2014, atendendo aos requisitos básicos do Exército para a categoria, revistos no ano anterior. O desenho da carroceria foi totalmente modificado, embora mantendo a construção monobloco em aço balístico; de maior porte do que os modelos anteriores, o Gladiador II passou a pesar 9,2 t, com capacidade de carga de 1.000 kg e espaço para até oito pessoas. Foi equipado com motor MWM de 4,8 l e 185 cv (o mesmo da versão de 2009), câmbio automatico de seis marchas com conversor, tração 4×4, suspensão totalmente independente por molas helicoidais, freios a disco nas quatro rodas (duplos na dianteira), freio de estacionamento hidráulico a disco na saída da caixa de transferência e direção hidráulica. Preparado para receber diversos níveis de proteção balística e grande variedade de equipamentos e armamentos, o Gladiador II pode ser fornecido em variadas configurações: antitanque, lançador de mísseis, carro de comando, radar, ambulância e transporte de pessoal, entre outros. Seus atributos máximos para ação fora-de-estrada são: vau, 0,80m; inclinação lateral, 300; rampa, 600; obstáculo vertical, 45 cm; ângulo de entrada, 640; ângulo de saída, 670.
Projetado para concorrer a uma próxima licitação, pelo Exército, para a aquisição de 186 unidades de um novo veículo leve de reconhecimento de construção nacional (VBMT-LR, ou viatura blindada multitarefa leve sobre rodas), processo também disputado por quatro outras empresas (a Avibrás, em conjunto com a francesa Renault VI, e as multinacionais BAE Systems, Iveco e AM General), o Gladiador II foi o único não aprovado na fase de pré-qualificação, encerrada em outubro de 2014.
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