sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

FMC M-113A0 APC

História e Desenvolvimento.

No final da década de 1950 o comando do Exército Norte Americano, lançou uma concorrência para o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas sob esteiras para a substituição dos modelos em uso sendo o pioneiro  M-75, que apesar de ser um veículo robusto e de alta confiabilidade apresentava como principal característica negativa seu excessivo peso de deslocamento o que além de  prejudicar sua capacidade em acompanhar os demais veículos blindados em campo, limitava sua capacidade anfíbia e não permitia ser aéreo transportado. Seu sucessor o M-59 foi concebido como um blindado mais leve, porem teve sua blindagem sacrificada neste processo, se mostrando também inadequado a missão. 

Os requisitos deste novo projeto visavam unir as melhores características do M-75 e M-59 criando assim o conceito Airborne Armored Multi-Purpose Vehicle (AAM-PVF), o projeto escolhido era da FMC Food Machinery Corp. a mesma fabricante dos modelos antecessores, aplicaria neste novo blindado o sistema de blindagem em duralumínio que fora desenvolvido em parceria com a empresa Kaiser Aluminum and Chemical Co. que traria ao projeto a proteção blindada do M-75 aliada a mobilidade do M-59. Inicialmente a FMC apresentou duas propostas distintas sendo o T113 em alumínio e o T-117 em aço, resultando como escolha o modelo T113, que gerou o primeiro protótipo designado M-113 sendo dotado com um motor a gasolina Chrysler 75M V8. As primeiras unidades de produção foram entregues ao Exército Norte Americano em 1960. 
Em 1964 testes de campo validaram um novo protótipo agora empregando um novo motor a diesel passando a ser designado M113-A1, que seria a versão predominante no exército desde então.O M113 foi desenvolvido como um blindado leve e confiável capaz de ser transportado e lançado por aeronaves de transporte como C-130 e C-141, sendo usado unicamente para transporte de tropas até a linha de frente (11 soldados totalmente equipados), servindo de escudo até o desembarque dos mesmos quando daí deveria recuar para a retaguarda, como armamento de defesa contava com uma metralhadora M2 Browning de calibre .50 (12,7 mm) operada pelo comandante.

Em 30 de março de 1962, o primeiro lote de 32 M113s chegou ao Vietnã e foram enviados para duas companhias mecanizadas do Exército da República do Vietnã (ARVN), cada uma equipada com 15 M-113 que receberam seu batismo de fogo durante a Batalha de Ap Bac em janeiro de 1963, o que evidenciou a necessidade de alterações no projeto visando melhorias no sistema de blindagem. Com a implementação destas modificações o veículo tornou se viável para situações de combate real e sua plataforma mostrou-se extremamente customizável para novas versões com emprego especializado entre eles carro comando porta morteiro, lança chamas, antitanque com misseis tow, antiaéreo e socorro.
Concebido para dar mobilidade a infantaria, que podia viajar protegida em seu interior , o M-113 se converteu em um autentico “taxi para o campo de batalha”, o mais famoso de sua categoria, possuindo características impares, como fácil condução, manutenção simplificada, operação econômica e uma politica de venda internacional muito ampla nos termos do FMS (Vendas Militares a Estrangeiros) atingindo 62 países, ao todo em 30 anos foram produzidos cerca de 80.000 unidades, sendo 4.500 produzidos sob licença em empresas na Bélgica, Itália e Coreia do Sul, atualmente estima-se que grande parte da frota mundial ainda esteja em operação e programa de modernização em curso mundo afora permitiram seu emprego ainda por décadas no século XXI.

Emprego no Brasil.

A primeira experiência do Exército Brasileiro com veículos blindados para transporte de tropas sobre lagartas anfíbio se deu 1962 com o recebimento de vinte VBTP M-59 em 1962 que equiparam o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada no Rio de Janeiro, apesar de serem veículos pesados e lentos vieram descortinar uma série de oportunidades de emprego operacional. Visando ampliar a mobilidade de sua força terrestre o Brasil sendo signatário do acordo Military Assistance Program – MAP com os Estados Unidos, fez uso dos termos deste para a aquisição de equipamentos novos e mais modernos entre eles o blindado de transporte de tropa M-113.

Os primeiros quatro veículos do modelo M-113A0 equipados com o motor a gasolina Chrysler 75M-V8 de 215hp foram recebidos em abril de 1965, sendo destinados inicialmente a formar e treinar as equipes que iriam opera-los e manuteni-los. Um dos carros foi entregue à Escola de Material Bélico (ESMB) no Rio de Janeiro, com o objetivo de elaborar os primeiros manuais de apresentação, operação e manutenção em português, sendo publicado e adotado em sua Seção de Motomecanização, em março de 1969 como notas de aula para o curso de M-113 que passaria ali a ser ministrado para os multiplicadores das unidades que estavam designadas a receber o modelo em breve.
Em 1970 foram recebidas mais oitenta unidades, sendo seguidos por outros lotes no ano seguinte até a totalização de 584 M-113A0 novos de fábrica entregues ao Exército Brasileiro, sendo distribuídos principalmente aos Batalhões de Infantaria Blindada (BIB) e aos Regimentos de Carros de Combate (RCC), porém equipariam também unidades de artilharia, ensino e comunicações. A chegada do VBTP (veiculo blindado de transporte de tropas) M-113 no exército promoveu a modernização da infantaria, ganhando maior mobilidade e proteção blindada, sem perder suas características próprias , permitindo realizar, sob quaisquer condições, o combate a pé e a ocupação definitiva do território conquistado.

Outro fator importante é que o novo sistema de blindagem em alumínio do M-113 lhe proporcionava um peso reduzido permitindo maior agilidade e velocidade no campo de batalha, possibilitando assim que os mesmos acompanhassem os novos carros de combate M-41 Walker Buldog nas missões de treinamento, fato este que era impossível com os M-59 ou  M3/M2 half tracks  (meia lagartas) em uso até então, sua capacidade anfíbia trazia ainda uma ampliação da a capacidade de deslocamento de tropas do Exército Brasileiro. Foi sem dúvida um grande ganho, permitindo que os Regimentos de Infantaria de transformassem em Batalhões. Gradativamente, tornaram-se Batalhões de Infantaria Blindada (BIB).
No ano de 1977 o governo do presidente Ernesto Geisel decidiria pelo rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos, este evento determinou a interrupção de toda a ajuda militar e linha de suprimentos para os veículos e uso, afetando diretamente a frota de M-113A0s gerando em um curto espaço de tempo altos índices de indisponibilidade da frota brasileira, neste mesmo período a crise do petróleo atingia seu ápice limitando mais ainda a operacionalidade dos VBTP M-113 ainda disponíveis. Esta dificuldade levaria a partir de 1979 os primeiros estudos visando a remotorização do veiculo que se baseavam em um processo semelhante implementado nos Estados Unidos entre os anos de 1963 e 1964 prevendo a troca do motor original Chrysler a gasolina por um a diesel Detroit.

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