sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Duwk & CAMANF na Marinha Brasileira



História e Desenvolvimento. 


No início da década de 1940 após o desenrolar das primeiras campanhas no teatro de operações europeu, ficou nítida a necessidade de as forças armadas americanas aumentarem sua mobilidade anfíbia, tendo em vista que muitas das operações de invasão seriam efetuadas neste modal. Entre as soluções apresentadas, uma em especifico se baseava na aplicabilidade operacional dos recém incorporados Jeeps GPA anfíbios, propondo a o desenvolvimento de caminhões trucks anfíbios para o transporte de cargas e tropas.

A primeira empresa a investir neste conceito foi a Yellow Truck and Coach Corporation de Michigan com o envolvimento dos projetistas Rod Stephens, Jr. of Sparkman & Stephens , que empregaram como base o chassi do caminhão GCM AFKWX, modelo COE 2,5 tn 6x6, o primeiro protótipo receberia de designação de DUWK, em alusão a classificação padrão de veículos militares, sendo a letra D referente ao ano de 1942, U de utilitário, K de veículo sobre rodas e a letra W referente a seus dois eixos de hélice. Sua produção, no entanto, em escala industrial seria destinada a General Motors Corporation.

Sua concepção especial em forma de barco lhe permitia ampla mobilidade no ambiente aquático (inclusive marinho) e sua tração 6X6 lhe garantia a operação em terra como um caminhão convencional, foi o primeiro veículo militar a permitir que o controle de pressão dos pneus fosse controlado remotamente pelo motorista, sendo este recurso necessário para adaptação dos pneus em ambientes de areia (praias) e estradas de terra e pavimentadas, tornando o modelo amplamente adaptável aos mais variados tipos de terreno.

Os primeiros contratos foram destinados as unidades do Exército e Corpo de Fuzileiros Navais Americanos, nos termos do Leand Lease Act foram fornecidas 2.000 unidades para as forças britânicas, 535 para a Gra Bretanha e 585 para a União Soviética (que viria posteriormente a construir sua versão local denominada BAV 485). Seu batismo de fogo ocorreu no teatro de operações no Pacifico durante a ofensiva em Guadalcanal em meados de 1942, sendo empregados também pelas forças de invasão aliadas na Sicília – Itália, na operação Husky em julho de 1943, onde tiveram destacada atuação suprindo as forças em praia com provisões, munição e transporte de feridos. 

Estiveram presentes em todas as operações anfíbias na segunda metade da Segunda Guerra Mundial, até o ano de 1945 foram produzidas 21.247 unidades, após o termino do conflito muitas unidades foram cedidas a França, Australia e outras nações. No entanto o Duwk ainda participaria de diversos outros conflitos como a Guerra da Coréia, Guerra Francesa na Indochina e a confrontação entre Malásia e Indonésia na entre os anos de 1962 á 1966 Na França, pais considerado o maior operador do modelo no pós-guerra algumas unidades modernizadas na década de 1970, foram retiradas do serviço ativo somente no ano 1982.

Emprego no Brasil. 

Na década de 1970 o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, buscava desenvolver sua estrutura operacional anfíbia e para isto estudava no mercado internacional opções de veículos que pudessem preencher esta lacuna, porém restrições orçamentárias impediam a aquisição de modelos mais recentes como os M-113 ou M-59, após analise optou-se pela aquisição de 34 unidades usadas do modelo DUWK excedentes do estoque das forças francesas, após a seleção os veículos foram recuperados nas instalações portuárias de Antuérpia por técnicos da empresa  brasileira Novatração Artefatos de Borracha Ltda.

Após este processo os veículos foram remetidos ao Brasil no final do ano de 1974, sendo imediatamente incorporados Batalhão de Blindados do Corpo de Fuzileiros Navais, sediado no Rio de Janeiro. A adoção deste modelo com sua capacidade de transporte de até 59 soldados totalmente equipados ou seu equivalente em carga, foram de extrema importância desenvolvimento da doutrina de operações de transporte e desembarque de tropas das forças anfíbias brasileiras.

O sucesso operacional do DUWK junto ao Corpo de Fuzileiros Navais, motivou a empresa Biselli Viaturas e Equipamentos Ltda, a desenvolver um substituto nacional para o modelo, visando assim a substituição das unidades mais desgastadas em função do tempo de serviço. Os estudos tiveram início em maio de 1978, sendo o projeto batizado de CAMANF (Caminhão Anfíbio), os parâmetros operacionais contemplavam capacidade transporte de até 5 toneladas de carga útil em terra ou aguas calmas, sendo que em mar agitado este limite seria reduzindo para 2,5 toneladas em função de segurança. Foi concebido com base no chassi do caminhão civil  Ford F-7000, sendo aplicada algumas modificações entre elas a adoção do potente motor diesel Detroit 4-53N com 145 cv aliado a uma nova caixa de câmbio produzida pela Clark equipamentos. Este novo conjunto representou grandes avanços em relação ao modelo original mais notadamente na capacidade do gancho traseiro de duplo emprego capaz de tracionar cargas atrás e a frente graças a uma abertura por onde passava o cabo do reboque.

Sua carroceria era composta totalmente em aço laminado a frio, com estrutura de proa reforçada, tração nas seis rodas e pneus PPB a prova de balas 900X20 de rodagem simples, com sistema de inflamento e desinflamento para qualquer terreno, desenvolvendo velocidade máxima em terra de 72 km/h na agua de 14 km/h com autonomia para 480 km em terra ou 18 horas em agua, com um peso na ordem de 13.500 kg.

As tratativas iniciais entre a Bisseli e a Marinha do Brasil sinalizam a aquisição de 25 unidades e reforma de 4 modelos DUWK originais que serviriam de laboratório para a construção dos novos veículos. No entanto somente foram adquiridos 5 CAMANFs, pois neste período o Corpo de Fuzileiros Navais já vislumbrava a adoção de veículos blindados de transporte de tropa anfíbios como os M-113 e e EE-11 Urutu, que eram de concepção mais moderna, inviabilizando assim a aquisição de mais unidades do CAMANF em virtude da obsolescência da concepção do veiculo.

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