Em 15 de dezembro de 2001, o governo japonês aprovou um novo plano de aquisições de médio prazo para a Força Terrestre de Auto Defesa Japonesas (JGSDF - Japan Ground Self-Defense Force). O montante de recursos totalizava cerca de US 223,6 bilhões.
Os projetos de pesquisa foram planejados para execução em cinco anos e, neles era incluindo o desenvolvimento de um novo MBT (Main Battle Tank- Carro de Combate Principal) com capacidades de sobrevivência em teatro de operações apto a executar comando e controle avançados, C4I.
De ressalto, a Mitsubishi Heavy Industries (MHI) foi contemplada como a principal contratante para o desenvolvimento do novo veículo até então chamado TK-X, cuja produção prevista teria inicio em 2010-2011. Tal projeto contava com a participação de um grupo de cerca de 1300 companhias japonesas.
O custo de desenvolvimento a partir de 2008 foi avaliado em aproximadamente US$ 447 milhões e cada veículo custaria algo em torno de US$ 6,5 milhões. Segundo o livro branco da defesa japonesa o custo unitário dos veículos para o ano fiscal de 2014 circundava a casa dos US$8,5 milhões, valor considerado adequado em vista do corte na produção que reduziu o número de pedidos do MBT pelo JGSDF.
Acima: O TK-10, protótipo apresentando no ato da execução dos ensaios de campo.
O desenvolvimento do novo MBT foi iniciado pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (TRDI) em 2002. Um protótipo do veículo foi completado em 2006 e muitos dos sistemas embarcados no Type-10 tiveram seus desenvolvimentos iniciados uma década antes (1990), enquanto outros, em 2000, de forma independente por seus produtores.
O veículo, só foi revelado pela primeira vez ao público em 2008 e segundo as informações do JGSDF, em 2010 o Ministério da Defesa Japonês havia ordenado à aquisição de 13 veículos e os testes de corrida foram realizados ao longo de 2007 e 2008.
Nesse mesmo período foram realizados ensaios de disparo e combate em ambiente coordenado em redes. O TRDI completou o desenvolvimento do veículo em 2009 e este começou a ser produzido em série a partir de 2010.
As informações do Ministério da Defesa Japonês atestam que o JGSDF reconheceu formalmente o Type 10 Hitomaru-shiki sensha, em dezembro de 2009 e em 2010, as diretrizes orçamentárias e o plano de renovação da JGSDF previam a aquisição de 600 veículos do modelo.
As primeiras unidades entraram em serviço nas JGSDF em meados de 2012, substituindo os envelhecidos MBT Type-74 e completando as unidades compostas pelo mais recentes Type 90. Devido às restrições impostas pelas leis japonesas remanescentes dos acordos pós – Segunda Guerra Mundial, o Japão não poderá exportar esse veículo de combate.
Talvez a mais notável característica do veículo seja creditada a sua manobrabilidade e sua leveza. O Type 10 é o mais leve veículo de combate de sua categoria e o segredo para tal feito, reside na blindagem que compõe o casco.
Embora o Type-90 fosse considerado um MBT adequado para o seu tempo, o JGSDF encontrava uma grande dificuldade para operá-lo, especialmente quando se tratava da mobilidade das colunas de blindados. Segundo relatos, em certas condições as torres dos Type 90 tinham que ser removidas para se adequarem ao transporte sobre rodas e mesmo a malha férrea japonesa.
Para o cenário previsto de crescente ameaça chinesa, que passava por uma reestruturação de suas forças blindadas com o desenvolvimento e expansão das suas unidades no final dos anos 90, o Japão se via impelido em responder de forma contundente a uma hipotética ameaça e para tal necessitava de uma arma blindada móvel, leve e capaz de reagir prontamente em qualquer parte do seu território. Adicionalmente, o novo veículo deveria possuir a capacidade de combate centrado em redes.
O programa era pautado na premissa de que as Forças japonesas de então, seriam por si só, superiores as do seu maior adversário regional e potencial, a China. Acreditava-se que uma força compacta de cerca de 600 novos MBT a frente de forças mais robustas, compostas de veículos Type-90, seriam suficientes para conter o hipotético avanço de forças mecanizadas chinesas em seus territórios.
Julgava-se que ao possuir a capacidade de projetar-se em determinadas regiões do pacífico se assim o fosse necessário, o Japão manteria a superioridade frente a China, e foi nesse contexto que se desenhou o Type-10 e suas especificações respondiam ao cenário projetado pelos estrategistas japoneses.
Acima: A evolução da arma blindada japonesa, ao fundo o Type 74, ao meio Type 90 e a frente o novíssimo Type 10.
SISTEMAS DE ARMAS
Seguindo uma tendencia mundial, o MBT japonês seria equipado com uma arma principal de alma lisa de 120 mm e como esperado, a escolha foi feita em função do consagrado canhão Rheinmetal L-44 de 120 mm produzido sob licença pela Japan Steel Works. A arma é a mesma usada nos MBT Leopard 2 e M1A1 / A2, porém, o fabricante atesta que a versão japonesa possua melhoramentos.
A MHI afirma ainda que a arma pode ser substituída futuramente pelo mais novo canhão L-55 da Rheinmetal sem necessidades de grandes modificações, caso o JGSDF opte por essa decisão.
A arma é idealizada para disparar todo o tipo de munições modernas como os APFSDS, munições perfurantes de blindagens (pearcing armour), HEAT-MP.
A carga explosiva é a mesma adotada pelo canhão JM33 que equipava os Type 90 entretanto, apesar de utilizar a mesma carga no cartucho, o rendimento do canhão fornece perfurações mais eficientes por reduzir a perda de energia cinética no disparo, além de aumentar a precisão da munição, reduzindo a sua perda de momento ao longo da trajetória. O carro transporta 14 cargas armazenadas na seção traseira da torre, porém, munições adicionais são armazenadas no interior do casco do blindado.
Relatos de especialistas que manusearam o MBT no estágio de treino na escola de blindados japonesa, afirmam que o comando da torre elétrica pode ser acionado pelo simples movimento do dedo sobre o monitor colorido touch screen semelhante ao de um tablet ou celular, segundo informações dispostas, o operador de armas pode inclusive promover o zoom de uma imagem para efetuar reconhecimento com a mesma facilidade que um usuário seleciona a sua foto e zoom em uma selfie.
O carregador pode ser acionado enquanto o veículo efetua o movimento sobre o terreno e mesmo quando o cano executa uma varredura angular para posicionamento e novo disparo. Esta capacidade reduz o tempo de recarga e tiro aumentando a letalidade do veículo em movimento.
Acima: O canhão Rheinmetal L44 de 120 mm foi o escolhido para o projeto, entretanto a MHI afirma ser possível a conversão para o L55 sem substanciais modificações no projeto.
O veículo é habilitado à disparar qualquer tipo de munição padrão OTAN atualmente empregada nos carros de combate ocidentais equipados com L-44. Entretanto, os japoneses desenvolveram uma nova carga denominada Type 3 APFSDS, da qual, até a finalização deste artigo, não fora especificado se trata-se de um penetrador de Tungstênio ou de Urânio empobrecido. Independentemente disso, o Japão possui a licença para fabricação dos APFSDS de tungstênio alemães.
Os diferentes tipos de munição disponíveis para a arma são:
- Armor Piercing (AP);
- Armor Piercing Discarding Sabot (APDS);
- High Explosive Anti Tank (HEAT);
- High Explosive (HE).
A torre acionada eletricamente, possui capacidade de giro de 360°. O sistema de carregamento é automático. A torre possui ainda um sistema duplo de atenuação de movimento que lhe permite o giro em alta velocidade, segundo informações a taxa de giro seria superior à dos MBT russos T 90MS, considerados uma das mais elevadas taxas de giro até então. Segundo as fontes japonesas o Type 10 consegue efetuar uma rotação completa de sua torre em menos de 9 segundos, durante este tempo o carro efetua a busca e seleção dos alvos enquanto carrega o canhão e efetua dois disparos em alvos estáticos posicionados em lados opostos, inclusive contra alvos em diferentes inclinações de terrenos.
Tudo isto, combinado com a incrível a agilidade do veículo em movimentar-se em marcha ré, lhe garantem a capacidade de ser quase impossível flanqueá-lo sem que este seja capaz de responder ao fogo, neutralizando o seu adversário.
Acima: Utilizando as munições APFSDS o Type consegue índices de perfuração de blindagem muito superior ao seu antecessor o Type 90.
O armamento secundário que equipa o carro, consiste de uma metralhadora pesada HMG-M2 de 12,7 mm montada na estação do comandante do carro enquanto a arma coaxial de 7,62 mm(Type-74) é posicionada à direita do veículo. isto significa que o comandante do veículo necessita expor o seu corpo ao exterior do veículo caso queira acionar a arma.
Esta deficiência foi constatada ao longo do desenvolvimento do carro e análises de operações das forças blindadas de Israel e Síria, bem como Ucrânia, levaram a TRDI a desenvolver uma proposta alternativa ao uso destas armas. Nos três conflitos citados , comandantes de carro foram alvejados por atiradores habilidosos devido a sua exposição desnecessária.
Como resposta, encontra-se em desenvolvimento pela TRDI de um sistema de torre giro-estabilizada, comandada remotamente, sanando esta deficiência. Adicionalmente, a torre também é equipada com lançadores de granada de fumaça para proteção do carro.
Corrigindo distorções presentes no projeto do Type 90, os quais os visores dos comandantes apresentavam em certas circunstâncias, problemas com a sua linha de visão semi-bloqueada pelo visor do artilheiro, no Type 10, o visor é posicionado em maior elevação de modo que lhe garante uma visada de 360 º completamente desobstruída.
Acima: A baixa silhueta e o desenho de sua torre e casco foram projetados para otimizar o desvio de energia cinética das munições anti carro e compõe um importante item de proteção balística do Type 10.
C 4I & OPTO ELETRÔNICOS
O projeto enfatizou a capacidade de combate C4I (Comando Controle, Comunicações e Inteligência), prevendo melhorias na capacidade de consciência situacional da tripulação, capacidade de comandar grupos de combate, receber e enviar dados para outros veículos em tempo real. Mas também se focou na mobilidade e capacidade de aumentar o desempenho e poder de fogo.
Tanto o atirador como o comandante possuem visores infravermelhos independentes com capacidade de visão 360º capacitados a realizar busca e reconhecimento. As imagens captadas pelos visores são apresentadas num monitor de tela plana que permite aos seus operadores selecionar, ampliar e cravar imagens de modo a permitir o seu reconhecimento e registro quando necessário.
Com o movimento dos dedos o atirador pode selecionar alvos distintos e executar o ataque sequenciado após a escolha destes alvos, a torre e arma serão, então, movimentadas automaticamente para efetuar os disparos.
O carro é equipado com um sistema de controle de fogo capaz de rastrear e neutralizar alvos fixos e móveis, o telêmetro laser permite a correção do disparo quando o veículo estiver em movimento ou em giro de sua torre.
Sensores desenvolvidos pela empresa francesa Thales são posicionadas no cano de modo a corrigir distorções ao longo dos disparos. Um sensor atmosférico é posicionado na ré da torre, lhe conferem igualmente a correção ao longo das operações.
A estação do comandante está equipado com um visor panorâmico montado à direita da torre. Ele fornece ao comandante a situação do terreno exterior de dia e noite.
Segundo informações oficiais, o veículo possui capacidade de tiro em movimento, porém apenas em condições de movimento linear, nas marchas frontais e ré, embora possa efetuar disparos com variações de elevações de relevo ao longo da corrida.
Acima: Em destaque o sistema de detecção de emissões laser logo abaixo do periscópio. Estes sensores estão dispostos em cada canto da torre do veículo.
O MBT está equipado com um sistema de gestão digital do campo de batalha (BMS), que proporciona maior consciência situacional por exibir as informações necessárias aos tripulantes. O carro inaugura a introdução de sistemas avançados e sensores sofisticados que o posicionam na era do C4I. Assim sendo, o Type 10 é dotado de equipamentos que lhe permitem comunicar e compartilhar informações com outros veículos em rede, ou ainda, tropas de infantaria mobilizadas no terreno ou em conjunto com regimentos de Sistema de Controle de Comando (CER) durante operações de combate integrados.
Futuramente o Type 10 será capaz de receber e enviar dados aos helicópteros de ataque AH-64 Apache e helicópteros de escolta armada OH-1. Atualmente um MBT pode rastrear e “plotar” o alvo para outro veículo e o disparo pode ser feito coordenado por um ou dos dois, ou mesmo por qualquer outro Type 10 que esteja no alcance dos alvos.
Caso o veículo esteja danificado ou queira se ocultar no relevo, o disparo pode ser feito por qualquer sistemas de armas que compartilhe as informações emitidas pelo veículo. Ataques de saturação por mais de 3 veículos podem ser coordenado por um único veículo que assuma a posição de comando, isto aumenta a letalidade dos ataques e a mudança de posto de cada veículo é feita apenas com um simples toque no visor, transferindo o comando para outro veículo que estiver em rede.
Acima: Na imagem o telêmetro laser e corretor de disparos alocados na lateral e seção superior do canhão., na posição direito o periscópio do tirador é exibido
MOBILIDADE
O Type 10 apresenta melhorias significativas em suas capacidades de manobra, proteção, potência e desempenho de fogo, em relação a todos os veículos da geração anterior. O veículo comporta uma tripulação de três integrantes compostas pelo comandante do carro, artilheiro e motorista. A automação reduziu a necessidade de um quarto tripulante que pode ser integrado ao veículo sempre que desejável.
Relatórios de eficiência operacional coletados em recentes exercícios, apontam que a carga de trabalho do Type 10 é elevada para os três tripulantes especialmente quando os veículos efetuam operações de reconhecimento e ataque coordenado. O volume de informações aliado a necessidade de coordenar e efetuar disparos exige a presença de um quarto tripulante, que entre outras atividades alivia a tripulação nos períodos de manutenções dos veículos em campo de batalha.
O veículo possui um comprimento de 9.4 m, largura de 3,2 m e 2,3 m de altura. Sua baixa silhueta completa o conjunto de medidas de proteção balística e é desenhada para refletir os disparos de armas anticarro desviando do interior do veículo.
A massa bruta é de apenas 44 ton sendo a massa que combate pode chegar a 48 ton quando acrescidas as blindagens adicionais e o carregamento das munições. Estas características o tornam um veículo facilmente transportável por rodovias e linhas férreas, bem como, por unidades aéreas e até mesmo, por caminhões de transporte comerciais. O quesito transportabilidade é inigualável por qualquer um dos modernos carros de combate existentes na atualidade.
Esta capacidade lhe permite ser implantado em uma grande variedade de missões, incluindo a guerra anti-carro, ataques móveis (Aerotransportado), ataques em conjunto com forças especiais e outras contingências.
O veículo possui um sistema de transmissão continuamente variável (Continuously Variable Transmission (CVT)), equipado com suspensão hidropneumática ativa, o que lhe permite ajustar a sua posição. Com isso o Type 10 pode”sentar”, “permanecer”, “ajoelhar-se” ou “inclinar-se” em qualquer direção. Esse recurso oferece uma série de vantagens em relação a adequação do terreno, giro da torre e disparo da arma em situações de inclinações críticas.
Acima: O motor do Type 10 fica posicionado na parte traseira do veículo, justamente a parte mais vulnerável. Isso tem sido foco de criticas ao projeto.
O veículo é impulsionado por um motor diesel V8, que desenvolve cerca de 1200hp, conferindo-lhe uma impressionante relação peso/potência de 27 hp / ton. Acoplado à CVT, o sistema de propulsão do veículo lhe permite efetuar corridas de até 70 km / h à ré, um impressionante desempenho para o carro em situação de fuga. A autonomia do veículo é de 400 km em estrada pavimentada.
A vantagem adicional fica por conta da capacidade do veículo fugir da ameaça mantendo a sua seção frontal mais blindada, como proteção, ao mesmo tempo que executa a corrida em marcha ré.
O motor está localizado na extremidade traseira do veículo e é bastante grande, alguns especialistas apontam falhas no projeto pois alegam que este é deveras exposto ao fogo inimigo, especialmente a partir da retaguarda onde é mais vulnerável. A TRDI trabalha atualmente no desenvolvimento de um sistema de proteção para o motor do veículo ajustando-se as novas realidades do combate moderno.
Para alguns especialistas, a motorização associada a transmissão e suspensão do Type 10 o tornam um veículo único. Totalmente carregado, o Type 10 desenvolve velocidades de cerca de 65 a 70 km por hora mesmo em relevo acidentado.
A sua aceleração também é impressionante, permitindo o arranque do veículo parado para a velocidade máxima em pista em questão de segundos (alguns afirmam se tratar em 12 outros 15 segundos).
Uma outra característica surpreendente é a grande agilidade, o que torna possível flanquear qualquer tipo de veículo adversário da atualidade. O veículo possui apenas 5 roletes, número muito inferior ao normalmente encontrado nos MBT modernos, porém esta redução é vista como benéfica pois diminui as necessidades de manutenção dando de acréscimo ao carro, a capacidade de se mover em locais apertados.
Acoplado ao sistema de suspensão dinâmica (hidropneumática), a transmissão/suspensão proporcionam ao Type 10 uma boa estabilidade no disparo da arma e na corrida em terreno acidentado, reduzindo a fadiga do veículo e da tripulação.
Acima: Poder “sentar”, “ajoelhar” são algumas das capacidades providas pelo sistema de suspensão do veículo e garantem inúmeras vantagens no campo de batalha moderno.
BLINDAGEM E PROTEÇÃO
A seção frontal da torre e o caco do veículo são protegidos por um tipo de blindagem cerâmica cujas especificações permanecem em segredo. Julga-se se tratar de materiais compostos nano-estruturados que garantem a proteção à elevados níveis. Estima-se que as laterais do casco e da torre sejam protegidos por blindagem em aço.
O veículo é equipado com “saias de proteção” aos roletes cuja parte inferior é composta por um tipo especial de borracha que atua reduzindo a assinatura infra vermelha do veículo, a seção blindada da saia oferece proteção adicional contra armas anticarro leves, protegendo o sistema de roletes e suspensão do veículo, fato este igualmente questionado pelos especialistas por alegarem uma exposição desnecessária dos roletes.
Painéis de dispersão para explosões são montados sobre a torre garantindo o direcionamento dos gases super aquecidos para fora do veículo, aumentando as chances de sobrevivência da tripulação caso a torre seja atingida e as cargas explosivas acionadas na sua arca de proteção.
O carro possui diferenciados tipos de proteção para as diferentes seções as quais variam de proteção com grades, metal e cerâmicas especiais. Adicionalmente, uma blindagem modular pode ser adicionada ao veículo aumentando a sua massa total em cerca de 4 toneladas. Seguindo a filosofia vigente na guerra fria, o veículo possui proteção NBC, foi desenvolvido para sobreviver à guerras químicas, biológicas e nucleares.O veículo possui sistema de detecção de emissões Laser (LWS) em cada canto de sua torre, os quais acionam automaticamente o lançamento de granadas 7,66m de fumaça e dispersantes de luz.
Acima: Em detalhe os detectores de emissões laser. uma vez detectado o acionamento das granadas de fumaça é automático de modo a protegê-lo.
CONTRATEMPOSMal os protótipos do veículo encerravam a suas campanhas de testes, o JGSDF se viu frente a um novo desafio e o Type 10 enfrentava agora um adversário interno. Passada uma década do início do desenvolvimento do veículo, em 2013 o governo do Japão encaminhou ao parlamento um novo plano estratégico de defesa que se atualizava frente as ameaças reais e ao direcionamento de recursos para o desenvolvimento e aquisição de armas para as próximas décadas.O JGSDF reduziu na metade o número de MBT a ser adquiridos, segundo o plano orçamental a força receberá de 2016-2018 o último lote de veículos de um total de 300 encomendados. Apenas duas divisões e o regimento escola de treinamento de blindados serão equipados com o novíssimo MBT.Quando tal anúncio foi feito, inúmeras críticas surgiram na mídia japonesa e internacional, em geral pautadas ou apenas em questões técnicas (apontando falhas no projeto), ou tão somente sobre a ótica da economia de recursos (cortes orçamentais).O fato é que no caso do MBT japonês, a decisão de redução das unidades blindadas se deveu muito mais a uma mudança de filosofia e estratégica na defesa do Japão. A nova doutrina se pautou na nova realidade que se desenvolveu ao longo da primeira década do século e diz respeito a revisão de capacidades e necessidades da JGSDF.Os relatórios emitidos pela defesa japonesa demonstravam um avanço significativo nas competências chinesas, que agora desenvolviam freneticamente a capacidade de promover ataques múltiplos e simultâneos ao território japonês. Os analistas agora se viam frente a uma realidade a qual a sua doutrina não mais se enquadrava.A china implementou um amplo programa de atualização e renovação da sua força blindada, novos MBT chineses são capazes de fazer frente até mesmo aos mais modernos carros ocidentais, além disso a superioridade numérica e a capacidade de implementá-los, ganhou força com a ampliação da Marinha do PLA e suas capacidades anfíbias.A China adquirira em uma ou duas décadas o poder de virar a mesa e conseguir atacar ao Japão neutralizando as suas forças. Um novo planejamento passava agora por uma doutrina de reação rápida e dissuasão, para tal, as unidades blindadas deveriam ser leves, aerotransportadas e de custo operacional mais baixo. Seu intuito agora (JGSDF) é causar dano ao inimigo invasor, retirar-se rapidamente quando possível e atacar novamente sempre que possível.Neste contexto, as divisões mais pesadas, formam a linha da retaguarda e avançam a medida que a defesa consegue se recompor. Tal conceito não é novidade e se baseia na doutrina italiana que pautou o desenvolvimento do veículo blindado sobre rodas 8×8 Centauro, armado com um canhão 105 mm.A estratégia de dissuasão, agora pauta-se na capacidade de responder a eminente ameaça e não mais impedi-la, a sutil diferença leva em conta que o inimigo já possui a capacidade de ultrajar a soberania. respondê-la é a ação a partir de agora. Curiosamente esta teria sido a razão para o desenvolvimento do Type 10, porém os especialistas apontam que as mudanças recentes exigiram uma revisão destes requisitos.
Acima: Ainda não validados para a produção em massa os veículos Type 89 são esperados para compor as unidades de cavalaria japonesas.Críticos apontam ainda que o JGSDF ainda não provou que o veículo Type 89 (APC- Armoured Personnel Carrier) possua armamento, mobilidade e auto proteção suficiente para apoiar os Type 10 no campo de batalha. Apenas 68 exemplares haviam sido produzidos até janeiro de 2014.Adicionalmente, os veículos Type 96 (WAPC- Wheeled Armoured Personnel Carrier) não possuem proteção e armamento suficiente para fazer frente aos novos MBT chineses ou coreanos que foram desenvolvidos desde então. Além disso, os Type 96 não possuem a capacidade de seguir os Type 10 em terreno acidentado.Atualmente as unidades que deveriam receber os Type 10 são equipadas com o novo veículo (MCV- Manoeuvre Combat Vehicle) 8×8 armado com o canhão de 105 mm, o qual possui uma massa de 26 toneladas muito mais leve e distante das capacidades do Type 10 planejado.A única variante existente do veículo (Type-10) é o Type 11 um veículo de recuperação CVR- Crawler Vehicle Recovery) que foi desenvolvido em finais de 2013 e que possui o mesmo sistema de suspensão, capaz de tracionar veículos de 45 toneladas e içar veículos de 23 toneladas.Seja como for, a revisão doutrinária foi interpretada de forma errônea pelos críticos e especialistas, uma vez que em momento algum esta desconsidera as capacidades do MBT, mas sim, se deve ao fato de uma mudança no emprego da força blindada. Muito provavelmente o veículo sofrerá programas de atualização corrigindo o projeto e o adaptando as novas realidades.
Acima: Os MCV serão o futuro da força blindada japonesa que apesar de críticas, deve se juntar aos Type 10 compondo as forças de combate do JGSDF.