Em julho de 1941, o departamento de Defesa Americano, iniciou estudos para o desenvolvimento de um novo carro antitanque leve, que tinha por objetivo substituir os já obsoleto e não adequado GMC M-6 M6 Gun Motor Carriage, que nada mais era que um uma versão modificada do carro 4X4 WC-52, esta proposta tinha por objetivo criar um veículo especifico para esta missão. Os parâmetros da concorrência definiam um veículo blindado leve sobre rodas com tração 6X, armado com um canhão de 37 mm em uma torre giratória e duas metralhadoras .50. Foram inicialmente consideradas para análise as propostas da Studebaker (designado T21), Ford (T22) e Chrysler(T23), sendo autorizados a construção de um protótipo de cada participante da concorrência a fim de serem submetidos a testes comparativos.
Os testes de campo apesar das deficiências e necessidades de aprimoramento, apontaram o modelo T-22 da Ford como o escolhido em abril de 1942, nesta fase já era clarificado o fato de que o canhão de 37 mm não seria eficaz contra as blindagens frontais e laterais dos novos carros de combate alemães, podendo ser uma presa fácil tendo em vista que a blindagem original do T-22 fora projetada para suportar impacto de armas leves. Mesmo com o advento deste cenário o Exército Americano necessitava emergencialmente de se reequipar e desta maneira o veículo seria agora direcionado a missões de reconhecimento do campo de batalha, sendo designado como M-8, apesar desta definição as alterações necessárias no projeto e desing e problemas contratuais atrasariam o início da produção em série até marco de 1943.
As primeiras unidades começaram a ser entregues para o Exército Americano, apesar de inicialmente rejeitados pelo exército inglês em detrimento a escolha do T17E1 Staghound, os M-8 passariam a equipar não só as forças britânicas onde seria denominado como Greyhound como também as francesas e brasileiras através dos acordos de Leand & Lease Act. Seu batismo de fogo ocorreu durante a invasão aliada da Sicília (Operação Husky), em missões de reconhecimento no campo de batalha, obtendo êxito principalmente por estar equipado com melhor sistema de rádio de longo alcance existente, praticamente o M-8 participaria em todas as batalhas na Europa, sofrendo no entanto com as minas terrestres alemãs levando a implantação de kits de blindagem extra no assoalho para melhor proteger os ocupantes, outro fato que iria limitar um pouco a sua atuação seria o terreno montanhoso, a lama profunda e a neve no inverno do norte europeu restringindo sua operação as estradas.
Derivado originalmente do projeto do M-8 Greyhound que ganhara a produção seriada em alta escala a partir de março de 1943, o conceito de um veículo blindando de comando, surgiu da necessidade de se dotar os batalhões motorizados de um carro que pudesse fornecer uma leve proteção blindada contra armas de fogo de baixo calibre e estilhaços. Basicamente a estrutura padrão era a mesma do M-8, retirava-se a torreta do canhão de 37 mm , em seu lugar projetava-se uma extensão da blindagem e incluía-se uma anel giratória para a instalação de uma metralhadora anti aérea .50 , estava ainda equipado com sistema de rádio de longo alcance, ao longo do conflito seu emprego derivou de carro comando para reconhecimento e transporte de carga , proporcionando grande mobilidade e proteção no transporte de cargas especiais no campo de batalha.
Recebeu a designação inicial de M-10 Armored Utility Car, porém logo em seguida para evitar problemas de identificação com o M-10 Wolverine caça tanques, teve seu codinome alterado para M-20 . Manteve-se em produção pela Ford Motors na planta fabril de St Paul no estado do Maine, nos anos de 1943 e 1944, tendo sido completados 3.791 unidades.
Emprego no Brasil.
Em 1942 o governo brasileiro se posicionou ao lado dos aliados no esforço de guerra, esta decisão permitiu a inclusão do pais as benesses do Leans & Lease Act com o fornecimento de armas, aeronaves e caminhões e carros de combate de primeira linha. Paralelamente a criação do Corpo Expedicionário que seria conhecida popularmente como Força Expedicionária Brasileira (FEB), geraria a necessidade de se compor o 1º Esquadrão de Reconhecimento da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária e dotar o mesmo com veículos de reconhecimento blindados M-8 Greyhound e talvez M-20 Armored Car, para assim poder dar suporte ao avanço das tropas no teatro de operações italiano.
Ao contrário do esperado, os Fords M-20 Armored Car não seria entregue a FEB, ficando 1º Esquadrão de Reconhecimento equipado com somente 15 unidades do M-8 Greyhound, deixando as forças o Exército Brasileiro sem um carro comando blindado, fazendo uso então dos Dodge WC-56 e WC-57 Command Car. Paralelamente em 1944 o Exército Brasileiro receberia nos termos do Leand Lease Act mais 20 carros M-8 e 2 carros comando do modelo Ford M-20, inicialmente este veículos seriam distribuídos entre as unidades blindadas de infantarias sediadas no Rio de Janeiro, tendo em vista que os primeiros carros 6X6 do EB os T-17 Deerhound foram transferidos para o sul do pais.
Após o termino da Segunda Guerra Mundial os M-8 Greyhound que estavam em serviço na Itália com o 1º Esquadrão de Reconhecimento da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, foram transladados ao Brasil e concentrados no Rio de Janeiro juntamente com os M-20 visando assim estabelecer as doutrinas de empregos destes carros no ambiente pós-guerra. Até o presente o Exército Brasileiro não dispunha de um veículos blindado especializado para o emprego na função de carro comando e controle, e sua comunalidade de plataforma mecânica com os M-8 o permitia acompanhar a frota em missões de treinamento no campo, oferecendo um bom nível de proteção devido a sua blindagem contra armas de baixo calibre permitindo expor os oficiais de comando a partes do teatros de operações que seriam impossíveis de se operar com os carro comando convencionais Dodge WC-56 e WC-57 Command Car. Seu sistema de rádio de última geração e longo alcance representava também um diferencial qualitativo.
No final de 1947 o 4º/2º R.C.D (que posteriormente seria denominado como 2º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado), recebeu 8 blindados sobre rodas M-8, um M-20, e 5 meia-lagarta M-2A1 em substituição a carros de combate M-3 Stuart, passando a ser a segunda unidade a operar o modelo, esta mesma unidade em 1954 receberia a denominação de Esquadrão Anhanguera sediada inicialmente na cidade de São Paulo e depois na cidade de Pirassununga. O M-20 seria ainda empregado pelo Exército Brasileiro temporariamente quando da participação das tropas brasileiras junto as Forças de Paz da Onu no conflito do Canal de Suez entre os anos de 1957 e 1967, sendo estes veículos de propriedade das Nações Unidas.
Em fins da década de 1960 a necessidade de se manter a frota de caminhões e carros de combate oriundas da Segunda Guerra Mundial na ativa iria motivar o desenvolvimento do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2),em São Paulo de estudos práticos para a remotorização e retrofit dos M-8, efetuando substituições da caixa de câmbio, transmissão, freios, suspensão, parte elétrica e seu motor original a gasolina Hércules JDX, de seis cilindros e 110HP por um motor diesel Mercedes-Benz OM 321, de 120HP. Após testes de aceitação foi decidido também submeter os dois M-20 a este processo, permitindo seu emprego até fins de 1986 quando foram substituídos pelos novos blindados sobre rodas da Engesa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário