A origem da família carros de combate Leopard remonta ao período pós-guerra, onde a Alemanha então dividida a entre a URSS e a OTAN, representava a linha de frente no conflito da Guerra Fria, região esta que vivia enorme tensão. Nesta época o pais permaneceu completamente desmilitarizado, sendo proibidos pela regulamentação aliada de constituir instituições militares, no entanto a necessidade de reforças as defesas frente a constante ameaça soviética, levaria a constituição em 12 de novembro de 1955 da nova estrutura das forças armadas alemães quer seriam compostas pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã), que seriam imediatamente equipadas com sistemas de armas de origem norte americana, no segmento de blindados os carros de combate médios fornecidos eram os modelos americanos M-47 e M-48 Paton que já se mostravam inadequados as ameaças apresentadas pelas forças blindadas do Pacto de Varsóvia.
O atendimento desta necessidade se materializaria a partir de 1956 com o desenvolvimento de um novo carro de combate, suas especificações iniciais demandavam um veículo da ordem de mais 30 toneladas, com alta mobilidade como prioridade em detrimento ao poder de fogo, por isto deveria estar armado com um canhão de 105 mm. Vários projetos inicias foram estudados e no seguinte a França se juntou ao projeto pois também buscava um substituto para seus antigos blindados de origem americana, nascendo assim o conceito Europa Panzer, no ano seguinte foi a vez da Itália se juntar ao projeto. Diversas empresas participaram da concorrência apresentando os primeiros protótipos em 1960, após uma apurada análise comparativa entre todos os concorrentes o comitê do projeto do Europa Panzer definiu como vencedor o Model 734 da empresa automotiva Porsche, neste mesmo ano a França decidiu abandonar o consorcio, optando em desenvolver um veículo novo totalmente nacional que resultaria no AMX.
O projeto foi batizado pelo Deutsches Heer como Leopard I, e se tornaria o primeiro Main Battle Tank (carro principal de combate) alemão do período pós-guerra, como considerado nas especificações iniciais, ele estava equipado com uma versão alemã do consagrado canhão Royal Ordnance L7 de calibre 105 mm, completo sistema de proteção NBc (Radiação Nuclear e química), uma blindagem leve porem eficiente com capacidade de resistir a rápidos de armas de 20 mm em qualquer direção, estas características lhe permitiam atingir uma velocidade máxima de 65 km/h. Após um intenso programa de testes a Porshe recebeu o primeiro contrato de fornecimento, com a produção seriada foi destinada no início de 1964 para a unidade fabril da Krauss Maffei em Munique . As primeiras unidades foram entregues as unidades do Exército Alemão entre setembro de 1965 e junho de 1966, o êxito na operação gerou contratos de exportação de centenas de unidades da versão inicial para Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia.
Após a entrega dos três primeiros lotes o projeto passou por aprimoramentos gerando assim a novo modelo Leopard 1A1, a principal inovação estava baseada no novo sistema de estabilização do canhão, que efetivamente permitia o tiro em movimento, passaram a contar também com aparatos de proteção ao longo das laterais para proteger a parte superior das lagartas. Além das 875 unidades novas produzidas pela Krauss Maffei, a mesma passou a produzir um kit de atualização para as versões iniciais, com centenas de unidades do Deutsches Heer e de clientes estrangeiros, sendo submetidos a este programa de modernização, alguns clientes optaram por incluir neste processo uma armadura de torre adicional desenvolvida pela Blohm & Voss. Em 1980 um novo plano de up grade foi implementado incluindo um intensificador de imagens noturnas PZB 200, surgindo a versão 1A1A2, que seria sucedida pelo Leopard 1A1A3 que passaram a contar com novo sistema de rádio digital SEM80/90.
A última versão de produção foi a 1A1A4, que passou a contar com os sistemas integrado de controle de tiro EMES 12A1 e visão noturna PERI R12, este modelo passou a ser entregue a partir de maio de 1974 tendo atingido a cifra de 250 fabricadas. O próximo estágio evolutivo seria representado pelo Leopard 1A5m que foi concebido no intuito de rivalizar novos blindados soviéticos T-64, T-72, T-72M1 e T-80. Para cumprir essa nossa missão, o Leopard 1A5 recebeu aperfeiçoamentos na capacidade de combate noturno e sob mau tempo, outro ponto aperfeiçoado foi sua capacidade de efetuar disparos em movimento contra alvos em movimento, garantindo assim maior mobilidade e flexibilidade no campo de batalha frente aos seus adversários, contando assim com a velocidade e a precisão necessárias para enfrentar os compactos blindados soviéticos. As primeiras unidades foram entregues em 1987 com grande parte dos 4.744 veículos construídos sendo elevados a este patamar, torando esta versão o Leopard padrão.
Emprego no Brasil.
Em meados da primeira década do ano 2000 o comando do Exército Brasileiro vislumbrou a necessidade de substituir os carros de combate Leopard 1A1 que representavam a espinha dorsal da força de blindados brasileira desde a década passada e por serem carros produzidos nos anos 70 apresentavam alta defasagem tecnológica e também problemas de disponibilidade devido a não existência de um acordo formal com o fabricante para a devida manutenção.Com base nesta necessidade procedeu se a análise no mercado internacional de possíveis candidatos a substituição dos carros de combate atuais. A escolha pendeu em 2006 para o aspecto mais lógico, a aquisição de um lote de 250 Leopard 1A5 usados que haviam sido recentemente desativados do exército da Alemanha, que empregavam o mesmo conjunto mecânico da versão em uso pelo exército, facilitando assim sua operação e manutenção.
A versão adquirida 1A5 é a mais moderna da família Leopard 1, empregando sistemas eletrônicos desenvolvidos para serem usados no Leopard II, permitindo uma sobrevida nos campos de batalha modernos. Entre estes sistemas destacamos o controle de tiro Krupp-Atlas Elektronik EMES-18, baseado num computador de tiro que possui uma mira integrada HZF (Hauptzielfernrohr) fabricado pela Carl Zeiss e um telêmetro a laser que substituem os sistemas ópticos anteriormente usados nas versões mais antigas do veículo. Seu computador de controle de fogo calcula soluções para tiro contra alvos distanciados até 4 km de distância. Como diferencial o A5 pode se mover por um terreno irregular que o canhão se mantém apontado para o alvo, permitindo disparar em movimento com alta probabilidade de acerto no primeiro tiro, como novidade no exército o Leopoard 1 A5 apresentava reforços em sua proteção balística através de placas de blindagem extra montadas na torre do tanque. O habitáculo é protegido para condições de ambiente NBQ (nuclear, bacteriológico e químico) como se espera de um carro de combate desenvolvido para uso da OTAN contra uma força soviética na Europa central.
Os primeiros dez carros chegaram ao Brasil em 2009, sendo distribuídos entre os Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro e São Paulo, Escola de Material Bélico, Parque Regional de Manutenção 3 e Centro de Instrução de Blindados, no intuito de desenvolver os processos de nacionalização de componentes, treinamento de mecânicos e desenvolvimento de manuais de operação, pois diferente dos Leopard 1A1, o contrato de aquisição englobava serviços de revisão e manutenção preventiva e corretiva junto a empresa alemã Krauss-Maffei Wegmann GmbH&KG para aplicação junto aos 230 carros de combate operacionais, veículos de serviço e também aos sistemas de simuladores, evitando assim repetir os erros do passado quando problemas ocorridos por deficiência na manutenção ocasionaram índices de indisponibilidades preocupantes.
O segundo lote composto por 70 carros chegou ao Brasil no mesmo ano do primeiro lote, sendo distribuídos na ordem de 26 carros para o 1º RCC (Regimento de Carros de Combate), 26 para o 4º RCC e 14 para 3º RCC 4 para o Centro de Instrução de Blindados (CIBld), mais dois lotes foram recebidos entre 2010 e 2012 distribuído mais carros para as unidades descritas anteriormente e também unidades que passaram a dotar o 5º RCC, substituindo os Leopard 1A1 e M-60 Patton. A adoção deste modelo elevou o patamar operacional da arma blindada do Exército Brasileiro, outro ponto positivo foi a implementação da doutrina alemã com foco total na manutenção preventiva, cultura está até então inexistente no Brasil que proporciona além da economia a extensão da vida útil dos componentes.
A inauguração da fábrica da Krauss-Maffei na cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul em março de 2016 garantirá a operacionalidade por muitos anos não só da frota de Leopards 1A15 mas também dos Gepard 1A2, permitindo também a possível implementação de programas de modernização que visem aumentar a vida útil destes veículos no Brasil. Especula-se também o interesse do Exército Brasileiro em aumentar sua frota de carros de combate avaliando recentemente 120 MBTs Leopard 1 A5 desativados e estocados pelo Exército Italiano após a introdução do MBT Aríet.
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