A segunda metade da década de 1930 presenciou um forte programa de rearmamento da Alemanha que era regida pelo partido nazista, este processo focava o desenvolvimento de novos conceitos e tecnologias em equipamentos e armas, e um dos pilares deste programa envolvia o desenvolvimento de carros de combate blindados, que se caracterizavam pela combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo, que eram superiores a maioria de seus pares disponíveis na época.
Atentos as possíveis ameaças futuras, o comando do Exército Americano iniciou em fins desta mesma década um programa de estudos visando o desenvolvimento de blindados que pudessem a rivalizar com os novos carros de combate alemães, pois naquele período a espinha dorsal de seus carros de combate era representada pelos tanques leves M-3 Stuart dotados de canhões de 37 mm. A premissa básica era criar um novo modelo que pudesse fazer uso de armas de 75 mm, nascendo assim em 1941 o primeiro protótipo do tanque médio M-3 que seria posteriormente batizado como Lee ou Grant, apesar de atender a demanda básica no porte do canhão de 75 mm, o blindado apresentava três pontos negativos graves, como perfil elevado, baixa relação de peso e potência e pequeno deslocamento lateral do canhão pois o mesmo estava instalado no chassi. Em função da emergencial necessidade de se suprir as forças britânicas com blindados, estas deficiências foram ignoradas e milhares de carros foram empregados na campanha do deserto africano nas primeiras fases da guerra.
A primeira versão a entrar em produção foi o M4A1, em fevereiro de 1942, seu chassi era uma única peça fundida e composta por bordas arredondadas, estava equipado com um motor Wright Continental R975 Whirlwind a gasolina. Este modelo foi seguido pelo M4A2 originalmente destinado ao Corpo de Fuzileiros Americano (USMC), pois estava dotado com o motor a diesel GM Twin 6-71 e empregava o mesmo combustível dos navios americanos facilitando assim a logística. A terceira versão M4A3 equipada com um motor a gasolina Ford GAA V-8 de 500 cv foi adotada pelo exército em virtude de sua maior potência. A versão original M-4 só estaria disponível em julho de 1942 e apesar de visualmente ser idêntico ao M4A1, deferia deste por não ter o chassi composto em uma peça só e sim por chapas retas soldadas, e as primeiras unidades produzidas apresentavam um sistema de blindagem frontal tripartida unida com parafusos como uma flange (herança direta do antigo M3 Lee).
Seu batismo de fogo ocorreu em 23 de outubro de 19421, quando o 8º Exército Americano iniciou sua segunda ofensiva na Batalha de El Alamein, na Tunísia no norte da África, em condições reais o M4 se mostrou muito superior ao M3 Lee/Grant, porém a falta de experiência das tripulações americanas resultou em pesadas perdas junto a 1º Divisão Blindada na batalha de Kasserine em fevereiro de 1943. Sua estreia no teatro de operações europeu ocorreu durante a operação Husky, a invasão da Sicília, quando foram empregados ao lado dos carros de combate leve M-3 Stuart. Durante o transcorrer da Segunda Guerra Mundial o modelo e suas variantes foram empregados em todos os teatros de operações, tendo destacado papel nas principais batalhas. Sua produção foi encerrada em 1945, sendo entregues 49.234 unidades, das quais 6.748 da versão M-4, sendo construídas pelas plantas da Baldwin Locomotiva Works, Pressed Steel Car Company, American Locomotive Co, Pullman-Standard Car Company e Detroit Tank Arsenal.
Os M-4 Sherman começaram a ser desativado no Exército Americano em 1957, sendo fornecidos aos milhares as nações alinhadas, entre estas estava Israel que veio receber grandes quantidades porem logo ficou evidente que o Shernan neste período já estava ultrapassando quando comparado aos tanques russos T-54 e T-55 que compunham as forças blindadas árabes, esta deficiência levou o comando do exército israelense a estudar possibilidades de modernização de sua frota de blindadas, graças a robustez e simplicidade de projeto foi viável o desenvolvimento de inúmeras versões entre elas o M-50 Super Sherman equipado com canhao francês CN 75-50 de 75mm e o M-51 Isherman, equipado com canhao francês D1504 de 105 mm. A exemplo do êxito deste processo muitos outros países fizeram a opção de implementar modernizações em sua frota de M-4 Sherman, estendendo sua vida útil até a década de 1980.
Emprego no Brasil.
Os primeiros 53 carros de combate M-4 Sherman brasileiros divididos entre as versões M4, M4 Composite Hull foram recebidos no Rio de Janeiro a partir do primeiro semestre de 1945, a estes seguiram outros 30 carros recebidos nos termos do MAP ( Military Assistance Program) no início e meados da década de 1950, se mantendo como o principal carro de combate do Exército Brasileiro até o início da década seguinte quando começaram a ser recebidos os primeiros carros de combate médio M-41 Walker Buldog, substituindo assim os M-4 na linha de frente.
Neste mesmo período em 1967 era o criado o Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) com o objetivo de buscar formas de diminuir a dependência externa de equipamentos, desta iniciativa surgiria o Centro de Pesquisa de Desenvolvimento de Blindados. Em 1969 as primeiras aplicações praticas começaram a tomar forma quando dois M3A1 Stuart e um M4 Composite Hull foram entregues ao PqRMM/2 para a implementação de trabalhos de remotorização, o Sherman EB11-721 foi avaliado inicialmente com o motor Cummins Diesel de 460, sendo depois substituído pela possível opção do MWM Diesel de quatro tempos. No entanto a prioridade deste projeto foi focada nos M3 Stuart levando a paralização temporária do programa Sherman. A fama do emprego dos M4 israelenses modernizados, iria ressuscitar este programa brasileiro no ano de 1974, quando finalmente o EB11-721 foi remotorizado com o MWM Diesel TD232 V12 modificado para atingir 500cv, após as adaptações necessárias internas para acomodação do motor, turbo compressor e sistema de refrigeração o veículo foi entregue para testes em 1975.
Os ensaios em campo apesar de satisfatórios apontaram como grade deficiência a estreita largura das lagartas que provocava alto índice de atolamentos, a solução encontrada para este problema foi a troca das lagartas em conjunto com a inclusão da suspensão HVSS que era mais moderna e eficiente, um destes conjuntos foi retirado de um VEBE Soc M74 recém desativado, esta adaptação foi feita nas dependências do PqRMM/2 com apoio dos técnicos da Biselli Viaturas e Equipamentos Industriais Ltda. Apesar de sensível melhoria no desempenho o projeto novamente seria paralisado pela concentração dos recursos disponíveis no projeto M3 Stuart. A este ponto decidiu-se que qualquer possível processo de modernização dos Shermans estaria centrada no desenvolvimento de veículos de serviço (socorro, oficina, lança pontes e limpa minas), pois seu conceito estava obsoleto como carro de combate. Assim dessa maneira o EB11-721 foi devolvido a sua unidade operacional, sendo apelidado no exército como Super Sherman em função do seu sistema de suspensão.
Em 1983, o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) e a Bernardini iniciaram um programa aproveitando o trabalho feito pelo PqRMM/2, empregando o mesmo carro o EB11-721 com a finalidade de se desenvolver uma viatura antiminas. Dessa forma o M4 perdeu a torre, recebeu um novo motor Scania DS14 V8, teve as lagartas modernizadas, foi e rebatizado como EB13-721 (13 = carro blindado especializado), posteriormente seguindo a nova sistemática de registro o carro foi rebatizado como EB 34660003933. Devia ser equipado com um rolete anti minas confeccionado em aço manganês instalado na dianteira que foi desenvolvido pela Bernardini a partir de uma foto de um sistema russo, este equipamento era formado por dois conjuntos largos de três rodas dentadas, os quais eram fixados em braços articulados. Extremamente flexível o sistema (com peso de três toneladas) detonava minas sem sofrer danos graves, limpando campos minados. O projeto também previa uma lamina frontal tipo bulldozer intercambiável, devendo o peso final do veículo atingir 28 toneladas.
O M4 Composite Hull antiminas foi empregado em testes no Campo de Provas de Marambaia, no Rio de Janeiro, onde chegou a resistir a duas minas de 7kg sobrepostas. Nos primeiros ensaios, o blindado era puxado por um cabo de aço para observar a explosão e o efeito da limpeza. Ocorreu somente um acidente, quando um oficial o dirigia e uma mina explodiu sob o carro e não pela pressão do rolete. Apesar do sucesso obtido nas avaliações, esse novo projeto de modernização também não foi adiante, e o sistema desmontado e o veiculo abandonado até ser resgatado como parte do acervo do museu de Conde de Linhares onde aguarda verbas para sua recuperação.
Neste mesmo período em 1967 era o criado o Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) com o objetivo de buscar formas de diminuir a dependência externa de equipamentos, desta iniciativa surgiria o Centro de Pesquisa de Desenvolvimento de Blindados. Em 1969 as primeiras aplicações praticas começaram a tomar forma quando dois M3A1 Stuart e um M4 Composite Hull foram entregues ao PqRMM/2 para a implementação de trabalhos de remotorização, o Sherman EB11-721 foi avaliado inicialmente com o motor Cummins Diesel de 460, sendo depois substituído pela possível opção do MWM Diesel de quatro tempos. No entanto a prioridade deste projeto foi focada nos M3 Stuart levando a paralização temporária do programa Sherman. A fama do emprego dos M4 israelenses modernizados, iria ressuscitar este programa brasileiro no ano de 1974, quando finalmente o EB11-721 foi remotorizado com o MWM Diesel TD232 V12 modificado para atingir 500cv, após as adaptações necessárias internas para acomodação do motor, turbo compressor e sistema de refrigeração o veículo foi entregue para testes em 1975.
Os ensaios em campo apesar de satisfatórios apontaram como grade deficiência a estreita largura das lagartas que provocava alto índice de atolamentos, a solução encontrada para este problema foi a troca das lagartas em conjunto com a inclusão da suspensão HVSS que era mais moderna e eficiente, um destes conjuntos foi retirado de um VEBE Soc M74 recém desativado, esta adaptação foi feita nas dependências do PqRMM/2 com apoio dos técnicos da Biselli Viaturas e Equipamentos Industriais Ltda. Apesar de sensível melhoria no desempenho o projeto novamente seria paralisado pela concentração dos recursos disponíveis no projeto M3 Stuart. A este ponto decidiu-se que qualquer possível processo de modernização dos Shermans estaria centrada no desenvolvimento de veículos de serviço (socorro, oficina, lança pontes e limpa minas), pois seu conceito estava obsoleto como carro de combate. Assim dessa maneira o EB11-721 foi devolvido a sua unidade operacional, sendo apelidado no exército como Super Sherman em função do seu sistema de suspensão.
Em 1983, o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) e a Bernardini iniciaram um programa aproveitando o trabalho feito pelo PqRMM/2, empregando o mesmo carro o EB11-721 com a finalidade de se desenvolver uma viatura antiminas. Dessa forma o M4 perdeu a torre, recebeu um novo motor Scania DS14 V8, teve as lagartas modernizadas, foi e rebatizado como EB13-721 (13 = carro blindado especializado), posteriormente seguindo a nova sistemática de registro o carro foi rebatizado como EB 34660003933. Devia ser equipado com um rolete anti minas confeccionado em aço manganês instalado na dianteira que foi desenvolvido pela Bernardini a partir de uma foto de um sistema russo, este equipamento era formado por dois conjuntos largos de três rodas dentadas, os quais eram fixados em braços articulados. Extremamente flexível o sistema (com peso de três toneladas) detonava minas sem sofrer danos graves, limpando campos minados. O projeto também previa uma lamina frontal tipo bulldozer intercambiável, devendo o peso final do veículo atingir 28 toneladas.
O M4 Composite Hull antiminas foi empregado em testes no Campo de Provas de Marambaia, no Rio de Janeiro, onde chegou a resistir a duas minas de 7kg sobrepostas. Nos primeiros ensaios, o blindado era puxado por um cabo de aço para observar a explosão e o efeito da limpeza. Ocorreu somente um acidente, quando um oficial o dirigia e uma mina explodiu sob o carro e não pela pressão do rolete. Apesar do sucesso obtido nas avaliações, esse novo projeto de modernização também não foi adiante, e o sistema desmontado e o veiculo abandonado até ser resgatado como parte do acervo do museu de Conde de Linhares onde aguarda verbas para sua recuperação.
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